O MacBook Pro 16 com o Intel Core i9 e Radeon Pro 5500M desse review é um dos produtos mais caros que já testamos, custando 28 mil reais no site da Apple. É o preço de um carro, e ele nem te leva para a praia. Por que alguém vai pagar algo tão caro assim? Exatamente essa pergunta que vamos tentar responder.
Antes de mais nada, eu realmente não tenho muito contato com Mac no meu dia a dia. Curto bastante meu PC Windows, não faço parte de nenhum fã clube da Apple e nem tenho um iPhone.
Por isso mesmo que o review de hoje é uma espécie de desafio. Não para ver se eu trocaria um sistema pelo outro, mas sim para ver se eu encontro um bom motivo para investir uma pequena fortuna num MacBook como esse.
Design e construção
Para começar então, é inegável que essa é um bela máquina. O MacBook Pro tem um design parecido com os anteriores, bem característico, que “inspira” praticamente todo notebook de produtividade, mas nem sempre os concorrentes utilizam o mesmo material de alta qualidade. De qualquer forma, ele é bem clean, feito em alumínio, resistente e que não suja com suas digitais assim que você encosta nele.
Só que além de bonito, essa versão de 16 polegadas é mega espaçosa. São vários pontos que se beneficiam disso, mas o que eu mais gosto é o fato do corpo não terminar junto do teclado, dando um espaço extra para me apoiar enquanto escrevo, que o deixa bem mais confortável que de costume.
Outro ponto importante é o espaço que o touchpad tem para ele, que chega a alcançar praticamente 50% da área inferior da sua superfície. Ele continua sendo um dos melhores em questão de precisão, resposta tátil e até funcionalidade. Você pode demorar um pouco para se acostumar com alguns atalhos, caso esteja vindo do Windows, ou esquecer do Force Touch, por exemplo, mas eu certamente não reclamaria se todos os notebooks tivessem um touchpad tão bom de usar quanto esse.
Falando nisso, houveram também mudanças no teclado, onde a Apple resolveu escutar seus consumidores. A tecla deixou de utilizar o design borboleta, que uma parcela grande de pessoas estava reclamando, principalmente por conta de problemas de durabilidade, para retornar ao design antigo.
Eu já mexi um pouco em modelos de MacBook com os dois tipos, e por mais que o borboleta não fosse horrível, realmente dava uns problemas de vez em quando, que incomodavam bastante.
Aprecio bastante o fato da Apple não ter se agarrado ao design antigo, e aceitado as críticas, mesmo que agora o teclado não tenha nada de especial. O uso em si é bom, ele não é do tipo ABNT, que é um pouco chato, mas o clique é bom, cumprindo seu trabalho.
Além disso, o Touch Bar, que surgiu lá em meados de 2016, continua presente, só que dessa vez as teclas Esc e o leitor de digitais se desgrudaram do resto, o que também foi um pedido dos consumidores atendido pela Apple.
Para quem não conhece, esse é um painel touch screen, na mesma posição das teclas de função em um teclado tradicional, porém ela é bem mais dinâmica, mudando de acordo com o que está na tela, e adiciona uma nova dimensão de uso, pois te possibilita deslizar o dedo para controlar, por exemplo, o volume, o tempo do vídeo ou até a timeline do Premiere Pro.
Acabou sendo a parte que eu mais demorei para aprender a usar, e ainda assim é basicamente para música e brilho, mas ela é legal, tem uma boa resposta, e pode ser útil para uma ou outra coisa.
Som e conectividade
Se por um lado eles mantiverem a webcam bastante limitada e com a qualidade contestável em 720p, por outro, a qualidade do microfone surpreendeu. É tão bom que você pode ficar despreocupado que nem vai precisar pegar um headset ou microfone dedicado para uma reunião pelo Zoom.
Os alto falantes também acompanham o mesmo nível de qualidade, com um dos melhores que você encontra numa máquina dessa ou de qualquer categoria. Seu sistema de 6 alto falantes é claro, alto e com boa profundidade. A qualidade é boa suficiente para escutar musica direto dele, e olha que eu sou chato com isso.
Pensando no uso profissional, toda essa qualidade apenas serve como suporte para quando você quer mostrar um vídeo ou uma música para um grupo maior de pessoas, de resto, a preferência ainda deve ser pelo fone de ouvido.
É uma boa noticia então que o MacBook Pro tem uma entrada P2. Também nem faria muito sentido retirar ela daqui, muitas profissões dependem de um fone de ouvido profissional de qualidade, que geralmente é cabeado, só que essa também é a única entrada tradicional para nós usuários de Windows. De resto são apenas 4 portas USB Tipo-C Thunderbolt.
É um pouco estranho não ver aquele monte de porta diferente, e, pelo menos por alguns anos, você vai precisar de um adaptador para ter uma cobertura completa, mas quando a gente compara ele com um notebook gamer top, a única perda é a conexão ethernet, porque de resto nada fica de fora.
Isso porque, as portas Thunderbolt 3 possuem capacidade enérgica para aguentar o carregador de 96 Watts, estrategicamente abaixo do limite de potência da tomada de um avião. Suportam até dois monitores diferentes e alcançam taxas de transferência de dados de até 40 Gbps.
Pode parecer exagero, e para um uso mais simples, talvez seja mesmo, mas até para os editores do canal, que não lidam com tanta coisa assim, já ajudaria bastante, pois no nosso dia a dia, sempre tem arquivos de 50 GB giga voando por aí, e poder transferi-los de um lugar para o outro em menos de um minuto seria ótimo. O difícil é encontrar mídia que suporte toda essa velocidade, mas dá para plugar um MacBook no outro e transferir em alta velocidade, o que já seria o suficiente.
Tela e desempenho
Só que, no topo de tudo isso, um dos pontos mais fortes ainda é a tela. A Retina Display utiliza uma lógica um pouco diferente das telas normais, que em vez de se preocupar em ser HD, Full HD ou 4K, ela tenta preservar a densidade de pixels por polegadas da tela, para chegar num determinado padrão que a Apple julga ser o ideal para uma distância habitual de uso do equipamento.
Para os MacBooks, esse valor sempre costuma ser 226 ppi, resultando nessa resolução estranha de 3072 x 1920 px, que agora você sabe de onde saiu. Só que, por conta disso, apesar de muito boa, a diferença visual não é tão grande entre modelos da Apple. O que muda é mais o tamanho mesmo, mas em questões de espaço de cor, contraste e brilho, a qualidade das telas é a mesma.
A questão aqui é parecida lá com o teclado e o touchpad, não tem muito para onde melhorar, mas a tela está a altura sim da proposta profissional do MacBook Pro 16. Aliás, é super normal você escutar alguém falar que trabalha com o Mac porque ele é o melhor para designer, por exemplo.
Outra questão que justifica a nomenclatura Pro são as especificações de hardware. Esse Modelo do MacBook Pro 16 está equipado com o processador de 8 núcleos Intel Core i9 da nona geração, placa de vídeo dedicada Radeon Pro 5500M de 4 GB, 16 GB de RAM e SSD de 1 TB.
Existe ainda a possibilidade de atualizar a placa de vídeo para uma Radeon Pro 5600M, aumentar a memória RAM para o máximo de 64 GB e o SSD até 8 TB. Tudo isso acompanhado de aumentos consideráveis no preço, mas no geral não é necessário subir muito de configuração, mesmo se você é alguém que realmente quer trabalhar com ele.
Isso porque mesmo no mais básico já dá para brincar bastante. Nesse setup o MacBook Pro pontuou mais de 3 mil pontos no Cinebench, enquanto que os concorrentes mais próximos ficaram mais de 20% para trás. Somado com o SSD de 3,2 GB/s, e a fluidez toda do sistema MacOS, realmente oferece uma experiência ótima.
Para edição de vídeo o MacOS tem o Final Cut Pro, que dá menos pau e algumas funcionalidades, que aceleram algumas partes do processo. Nisso a gente entra também na questões de softwares exclusivos. Às vezes você trabalha com som, e o software que você utiliza só tem para o Mac, daí não tem muita saída.
Games e bateria
Em questão de jogos… Essa é a parte que vocês esperavam me ver falando que o Mac é muito limitado e tudo mais, mas olha, os meus jogos favoritos rodam aqui, então para mim está ótimo.
Não, brincadeira, ainda existe sim uma certa limitação na biblioteca disponível num Mac, mas ela tem crescido. Ainda não é o suficiente para você sair pensando em comprar um MacBook para jogar, é só um bônus, para você não precisar comprar um PC ou console também, mas pelo menos aumentou o número de empresas que desenvolvem para Mac.
E para minha surpresa, o i9 não esquentou o corpo tanto quanto eu imaginava. Alguns MacBooks no passado sofriam com esse problema, e aqui, apesar dele ainda ficar bem quente, eu tive que me esforçar um pouco para ligar a ventoinha.
Só a distribuição de calor que é bem mais ou menos. Talvez o objetivo fosse não jogar tudo para baixo, para você continuar usando ele no colo sem se queimar, mas aí a região superficial fica mais desconfortável. Prefiro colocar o notebook na mesa do que esquentar o dedo, mas isso pode ser só a minha opinião.
Para fechar, a Apple anuncia que ele dura até 11 horas na bateria. Eu trabalhei por 9 horas e meia, o que é um valor perto suficiente, pelo menos é um dia inteiro de expediente com uma sobrinha no final. Utilizando para fazer trabalhos pesados, esse tempo cai substancialmente, mas é provavelmente um lugar onde você deverá ter uma tomada ao seu alcance.
Hoje eu acabei não comentando muito de como ele se relaciona com o resto do ecossistema Apple, pois a ênfase foi mais no produto físico, já que o sistema é quase o mesmo que nas versões mais baratas, mas vale comentar pelo menos que ter um iPhone, um iPad e um MacBook te coloca uns 20 anos no futuro em questão de integração, quando comparado com um Windows e Android.
Acho muito legal a forma que um iPad se transforma numa tela touch screen, e se tiver uma caneta então, adiciona uma baita funcionalidade legal, sem você precisar comprar um equipamento específico para isso. Seria mais barato só comprar uma Wacom? Sim, preço é a grande questão.
Conclusão
Infelizmente, no Brasil, os preços dos produtos da Apple não são tão competitivos quanto no exterior. Seja qual for o motivo para ele ser tão caro, isso direciona ainda mais o MacBook Pro 16 para quem realmente precisa de uma máquina potente e portátil para trabalhar de qualquer lugar, até porque a seleção de concorrentes está bem baixa.
Existe o Alienware A51M, que é bem forte mas tem o dobro do tamanho, isso sem contar no tempo de bateria menor. Temos o Samsung S51 Pro com a GTX 1650 que pode ser a melhor opção para economizar, mas fica pra trás em várias outras características de construção e processador. E claro, dá para você tentar pegar um Asus Zenbook Pro Duo por 35 mil onde ele… Ops, fica mais caro que o MacBook Pro 16.
Para alguém como eu, que só precisa de uma máquina de escrever com acesso à internet para trabalhar, provavelmente seria melhor descer para qualquer outro modelo, mesmo que eu tenha gostado bastante do tamanho desse. Quer dizer, isso se eu realmente quisesse um Mac, para mim.
Gostei bastante de passar um tempo com uma maquina tão “exótica” dessa, realmente queria replicar esse touchpad e as portas Thunderbolt, mas ainda estou feliz no meu Windows, nem que seja porque eu posso gastar só um oitavo do preço desse MacBook aqui, e ainda ter uma experiência boa.
Miquéias Sousa diz
Também prefiro o windows em relação ao Mac OS. Já no tocante a smartphones, eu gosto igualmente do Android e do IOS.
Emanuel diz
Excelente análise. Gostei bastante do conteúdo.