Depois de 30 dias com o MacBook Air M2, chegou a hora de uma análise completa. Será que vale a pena pagar mais caro por um modelo que mudou pouco em desempenho mas que foi totalmente redesenhado? Tela melhor, entalhe, webcam e outros pequenos detalhes fazem sentido? É o que eu quero tentar te responder hoje.
Construção e conectividade
Depois de 10 anos, a Apple finalmente resolveu atualizar o design do Macbook air, com um conceito um pouco diferente do que vinha fazendo até então. Agora, ao invés de buscar a espessura mínima e as pontas arredondadas, o Macbook Air M2 é quadrado, grosso e maior, seguindo a linha do que foi feito com o Macbook Pro recentemente.
E olha, isso é algo positivo, tá? Agora ele tem mais espaço para refrigeração interna e para um maior número de entradas. Os pés na parte inferior são mais altos que antes, para promover uma maior movimentação de ar também.
Mas um dos pontos que mais impressionou muita gente foi o maior número de cores disponíveis – prateado, estelar, cinza espacial, e o belíssimo meia noite, que eu queria muito, mas não consegui comprar. No fim, foi sorte minha, já que ele deixa muitas marcas de dedo na tampa. De qualquer forma, achei curiosa a ausência de cores mais quentes. Parece que a Apple quer promover um ar mais empresarial nessa geração.
Pelo corpo, uma diferença importante está no número de conexões. Ele continua com duas entradas de USB-C, sendo ambas compatíveis com o USB 4 e o Thunderbolt. Só que além delas, a Apple trouxe o MagSafe 3, que serve como entrada exclusiva para o carregador.
Você ainda precisa de um dongle, mas de uma forma indireta, agora o Macbook tem uma entrada a mais, que dá para ser usada enquanto ele está carregando. E claro, essas duas entradas USB-C ainda recebem energia da mesma forma que o modelo anterior – então se você já tem um carregador externo, pode ficar tranquilo que vai dar pra reutilizar. Mas a presença do MagSafe me deixa muito mais tranquilo, já que com seu plug magnético, que solta facilmente se alguém tropeçar nele.
Abrindo a tampa, o teclado está bem parecido, apesar de mais espaçoso, assim como o Trackpad. A usabilidade não mudou necessariamente, mas continua melhor que qualquer coisa que um notebook Windows conseguiu criar até hoje pra ser sincero.
Tela
A parte mais interessante aqui é a tela, que está maior, com bordas menores, e o melhor de tudo – agora todas elas são do mesmo tamanho. Só que o ponto que todo mundo vai perceber é o entalhe que basicamente se transformou na cara da Apple.
A maioria dos aplicativos conseguem se adaptar sem problema a ele, abrindo espaço no meio do menu superior, ou então criando uma barra preta que esconde a webcam. Com a barra preta, ele perde um pouco de área útil, mas apenas retorna ao tamanho de tela da geração geração anterior.
Pessoalmente, não acho que estrague a aparência da tela, e o entalhe está lá por um bom motivo. Sua webcam finalmente subiu de nível, para resolução Full HD. Está melhor que no ano passado, com um HDR mais responsivo, e pelo menos parte do bom tratamento de imagem que os iPhones são conhecidos.
Para quem faz bastante chamada de vídeo, o Macbook passa a ser uma opção de verdade, para substituir o celular nesse tipo de chamada. A qualidade na chamada é um baita diferencial no mundo dos portáteis, pois é bem raro encontrar modelos com câmeras boas. Ouso dizer que em boa iluminação dá até pra gravar direto com essa webcam algum tipo de aula ou vídeo.
Mas voltando para a tela, graças ao entalhe e espaço extra que ele rendeu, seu tamanho passa a ser de 13,6 polegadas no total. Seu painel é um LCD, chamado pela Apple de Liquid Retina, com resolução nativa de 2560 por 1664 pixels. Como sempre a Apple vem com suas resoluções fora do padrão, mas é basicamente um Quad HD Plus, com densidade de 224 pixels por polegada.
Pelo nosso teste, ela consegue reproduzir 98% das cores do espectro DCI-P3, com contraste de 1210:1 e brilho máximo de 500 nits. É um painel IPS, bem colorido, só que com a desvantagem de sempre, no contraste e na homogeneidade dos tons escuros. No entanto, na comparação com o modelo do ano anterior, o valor medido de contraste subiu, junto de uma melhora no brilho máximo.
Ainda não é equivalente, por exemplo, a um modelo com tela OLED, porém considerando o conjunto, apresentou pequenas evoluções ano a ano, e continua uma das melhores opções para os profissionais da área. Não é a única opção, mas o Macbook é uma boa escolha para designers e editores de vídeo ou foto.
Desempenho
Ótima tela, mas quem dá o nome para essa versão é o seu chip, o M2, a evolução da CPU ARM da Apple, que balançou o mercado de notebook. O foco dele é entregar bastante potência, sem consumir tanta energia, o que o torna o chip ideal para produtos mobile.
São 4 bilhões de transistores a mais, 400 Mhz a mais de frequência, com 8 núcleos de CPU, e a opção de 8, que é o caso do modelo que temos aqui, ou então 10 núcleos de GPU. De acordo com a Apple, isso tudo foi suficiente para um ganho de 18% de performance de CPU, para uma mesma potência energética, e o máximo de 35% de GPU.
O que a gente viu foram 8258 pontos no Cinebench, no M2, contra em torno de 7400 no M1 – um aumento de 11% de uma geração para outra. Esse é um valor menor do que o encontrado na internet, quando você busca “pontuação benchmark M2”. O problema aqui é que a bateria interna, que não consegue prover energia suficiente para o Macbook, limitando assim o seu desempenho.
Com a fonte de 100 watts plugada, essa pontuação sobe para 8700, em média, que aí sim fica 18% a frente da geração passada. Soa como um problema, mas isso se a gente só se importar com o máximo de performance. Nos notebooks com Windows, a queda quando o note não está plugado é bem maior que esses 5%, então o Macbook ainda funciona bem só com a sua fonte, porém não no máximo. Sem contar que esse valor ainda é maior que o Macbook Air M1.
Vale comentar que o M1 padrão tem menos desempenho, mas o M1 Pro consegue uma pontuação maior, e é mais rápido. A questão é que o M1 Pro só está disponível nas máquinas ainda mais caras da maçã.
Ainda nesse assunto, temos mais dois pontos para discutir aqui. Primeiro que o M2 esquenta bem. Não é novidade, mas ele aparenta aquecer mais e mais rápido que na geração anterior.
Lendo a temperatura com o sensor, a gente vê uma mancha vermelha bem no centro da parte inferior, que alcança aí uns 55º C no ponto máximo. Como a gente comentou, a parte boa do corpo de metal, é que ele ajuda a dissipar ele calor – inclusive, nas pontas, rapidamente a leitura da temperatura cai para 35º C, mesmo deixando o stress test rodando um bom tempo.
Não são temperaturas que preocupam, e na parte superior, onde se encontra o teclado, é um calor leve, que não é confortável, mas não incomodou tanto quanto a gente já viu em outros modelos.
O XPS, por exemplo, fica bem pior nessa parte. Outra vantagem do M2, é que no uso que podemos chamar de “baixa intensidade”, ele fica frio o tempo todo. Para ele esquentar bem, foi necessário ficar no Premiere por uns 30 minutos. Não é muito para quem trabalha com essa máquina, mas também não é qualquer coisa que esquenta ele.
O segundo ponto de discussão é na comparação do M2 contra os chips da Intel. No Cinebench, ele perdeu do 1280P, por exemplo, do Yoga 9i. São 9898 pontos, contra os 8710 daqui. No entanto, quando a gente fez um teste mais especializado, a história inverteu. No benchmark específico para o Premiere Pro, elaborado pelo Puget System, a pontuação do Yoga foi de 506, contra 680 pontos no M2.
Nesse teste, 1000 pontos representa uma máquina ideal para a geração, com uma placa de vídeo RTX 3080, e o processador Ryzen 5900X. Sendo assim, o M2 equivale a 68% dessa super máquina, enquanto que o Yoga equivale a 50%. Isso indica que, pelo menos para esse uso, de edição de vídeo, o M2 se sai melhor que um processador, em teoria, mais potente. Tem que ter esse tipo de situação em mente, quando se compara a performance de produtos que parecem ser semelhantes, porém com funcionamento diferente.
Por fim, a última mudança de hardware mais expressiva, foi no SSD dessa máquina. Dessa vez, os 256 GB dessa versão do M2, estão concentrados em apenas 1 chip, com velocidade de escrita de 1670 MB/s, e leitura de 1402 MB/s. É um downgrade comparado com a geração passada, que tinha duas memórias paralelas de 128 GB, e pior também que o modelo de 512 GB, com duas memórias de 256 paralelas. Ambos conseguem atingir velocidade leitura e escrita mais de 1000 MB/s mais rápidos que esse Air M2.
Porque a Apple resolveu tomar esse caminho diferente? Talvez para padronizar e economizar. A fabricante só precisa comprar memórias de 256 gigabytes, e coloca uma ou duas no Macbook, dependendo da versão. A consequência é que, dependendo do que você faz com o notebook, ele pode parecer mais lento que o M1.
Às vezes você trabalha com bastante transferência de arquivos, e não com softwares pesados, então o M1 pode ser uma opção melhor. Claro que esse é um caso raro, e a maioria das pessoas não vai perceber a diferença, ou vai aproveitar mais a velocidade extra da CPU, e não ligar para a memória mais lenta. No entanto, se você precisa de um SSD especialmente rápido, é melhor ir direto com a versão de 512 GB.
O resumo do hardware é que o M2 está mais rápido que o M1, e pode se sair melhor que os chips windows para algumas tarefas, mesmo ficando um pouco para trás em potência absoluta.
Bateria
Ele gasta mais energia, até mais do que a bateria consegue suprir, mas ficar só na tomada não é um baita problema, você ainda consegue trabalhar bem com ele se esquecer o carregador em casa.
Falando agora de bateria, com a fonte da caixa, eu precisei de 2 horas e 27 minutos para carregá-lo de 0 a 100%. Entre 20 e 30 minutos mais rápido que o meu M1. Se você topar investir um pouco mais (até para liberar também o potencial máximo do M2) o carregador de 100 W, precisa de 1 hora e 25 minutos para uma carga cheia. O Macbook Air M2, então, tem o carregamento rápido, que economiza 1 hora na tomada, mas você precisa gastar um pouco mais para chegar aí.
Para gastar essa carga, o foco da Apple foi maior nos incrementos de potência, do que de gastos energéticos, e em alguns casos, gasta até mais energia para uma mesma tarefa. Quanto tempo cada pessoa consegue com uma carga, então, depende de muitos fatores pessoais, mas comparando meu uso do M1, com o M2, ambos aguentam mais ou menos o mesmo tempo. Em valores mais concretos, fica entre 4 dias, se você usar pouco, ou apenas 1 num ritmo mais frenético, utilizando softwares pesados durante um dia inteiro de trabalho.
Conclusão
Para finalizar, vamos falar de preço, a parte que eu sei que todo mundo fica esperando. Atualmente, 12 mil reais no melhor preço, que claro, é um valor altíssimo, mas dentro da média para os modelos ultrafino super premium, que inclui nomes como o Yoga 9i da Lenovo e o XPS da Dell.
Por esse preço, ele vem com o design premium, que faz sentido para a categoria, sem contar a usabilidade ótima do trackpad, que supera as opções Windows, só que a tela não é a melhor.
Por aqui você já encontra modelos OLED, que são melhores. Claro que o Macbook Air M2 não tem uma tela ruim, e pode ser usada tranquilamente para trabalhos sensíveis a cor, mas no geral, fica atrás do que outros modelos trouxeram, como o Yoga 9i e o Zenbook 14x. Isso no assunto tela.
Dito isso, o atrativo é o chip, o M2, que continua a evolução do M1, e é uma das melhores opções para quem trabalha com softwares pesados, e precisa de uma máquina portátil. Acima de 10 mil reais, o público alvo não são as pessoas normais, e sim empresas, pelo menos por enquanto. Quem só busca um Macbook, ainda consegue utilizar o M1 numa boa, pois sua performance é competitiva, enquanto que o resto segue bem parecido. Tudo por quase metade do preço.
Além disso, se você precisa de uma memória com leitura rápida, e estava pensando em pegar o modelo de 512 GB, dá uma olhada no Macbook Pro, que pode ser mais completo, e “pouca” coisa a mais que o Air M2 com mais memória.
The Play RG diz
Review ficou bom.
Comprei esse modelo e recomendo até mesmo para trabalhos de edição de vídeo.
No entanto, o ideal seria 16GB Ram e 512GB NVME o que acaba não valendo a pena para esse modelo e sim para os modelos MacBook Pro.
Como optei pelo modelo de 256GB utilizo drives NVME externo e dá pra trabalhar muito bem, mas é mais um penduricalho no notebook.