A Anycubic i3 Mega é uma das impressoras 3D que mais chama atenção no mercado de entrada pelo seu preço e características únicas. Apesar de não ser o sucesso estrondoso de uma Ender 3, ela tem seus próprios diferenciais, e me parece uma opção bem interessante para quem está começando.
Montagem
O primeiro ponto que precisamos abordar sempre que falamos de uma impressora 3D é o processo de montagem. Se você já tem o mínimo de noção é fácil montar algo mais complexo, mas se você decidir pegar um kit como a Ender 3 logo de cara, tenho certeza que vai sofrer um bocado. Anycubic i3 Mega elimina grande parte dos problemas com uma estrutura em duas partes que ficam prontas em menos de 30 minutos.
Basta colocar esse frame de alumínio na base e conectar uns cabos. É difícil errar. E depois de montada é fácil transportar sem estragar todas as configurações anteriores por que ela é bem robusta. Claro que você vai fazer um pouco de exercício para carregá-la por aí, mas é bem melhor do que ter de regular tudo de novo cada vez que mudar de lugar.
Ela também é um dos equipamentos que mais tem acessórios. Temos espátula, um bico adicional completo, chaves de montagem e outros itens que basicamente tornam imprimir desde o primeiro dia possível. No caso da Stella 2 eu tive de comprar alguns itens separadamente.
Com a estrutura montada, chegou a hora de falar do primeiro grande diferencial: a mesa quente texturizada. Essa é provavelmente a impressora com melhor acabamento de camada inicial e ponto. Se considerarmos a mesma faixa de preço, tem outras marcas adotando algumas tecnologias similares agora, alguns anos depois da Anycubic fazer isso.
Esse tipo de mesa diminui a necessidade do brim em alguns dos casos, aquelas bordas adicionais na base pra não deixar a peça levantar. E a textura da mesa faz a base parecer uma peça única, sem as marcas das linhas, algo que ajudou muito no acabamento de peças em que os dois lados aparecem.
Mesmo assim, existiram momentos onde a temperatura baixou muito, o dia estava ventando um pouco mais ou em que as peças eram mais difíceis e não teve jeito – um monte de brim e o desejo de ter uma máquina fechada. Assim que o bico começou a entupir também, eu comecei a ter problemas com suportes, então vale ficar bem atento para esse ponto.
Isso me fez usar a Anycubic muito mais vezes do que outras máquinas também, apesar de seus pontos negativos, que eu já falo mais pra frente.
Tipos de utilização
É importante ressaltar que vindo de uma Stella 2, a Anycubic me agradou bastante por simplesmente funcionar. Eu liguei, dei aquela regulada na mesa utilizando os parafusos e por uns meses foi só alegria. Dificilmente eu tive problemas. Isso não quer dizer que tudo foi perfeito, mas no geral, foi muito difícil rolar um espaguete ou um problema enorme.
Só que eu comecei a perceber algumas diferenças importantes no funcionamento da máquina. Primeiro que iniciar uma impressão demora um pouco mais, vão quase 5 minutos para aquecer a mesa e o bico, que só ocorre depois.
Por conta do tipo de alimentação de filamento – a anycubic usa um tubo bowden -, eu comecei a ter problemas de entupimento de bico depois de pouco mais de 1 mês e a falta de peso no cabeçote faz com que ela tenha dificuldade em acelerar e desacelerar, criando bordas um pouco mais gordinhas para peças geométricas.
O nome dado para isso em inglês é wobble, e para solucionar é necessário mexer no Jerk Speed. Eu não consegui uma solução, e acabei optando por fazer qualquer outro tipo de peça que não tenha ângulos retos por aqui, já que é o único momento onde fica mais perceptível.
Outro pequeno problema que encontrei na Anycubic é na sobreposição de camadas, ou seja, pequenos desalinhamentos do eixo Z, que podem ser resolvidos trocando uma peça.
Esses dois pequenos problemas, somado ao fato dessa ser uma máquina que provavelmente vai ter de ficar trocando de bico constantemente por conta do seu tipo de alimentação, de forma alguma atrapalham, já que eu consegui peças de resolução incrível.
Aliás, mais do que definir se é bom ou não pelo olho, eu decidi imprimir um teste elaborado pela Autodesk para justamente ver a qualidade de impressão, e o resultado foi bom, alcançando 24 de 30 pontos, mostrando que os maiores problemas dessa máquina aqui são o controle de fluxo e as saliências, ou overhang, então é bom sempre ficar de olho nos suportes.
O lance do stringing incomoda e pode melhorar um pouquinho com um bico melhor e configurações diferentes de retração, mas dai a gente começa a mexer em um monte de coisa e desregula tudo, então topei continuar usando assim, afinal, é uma máquina de pouco mais de 200 dólares e o resultado já me agrada bem.
Operação e controles
Falando de interface, quando comparada com a Stella 2, única outra máquina que usei até então, eu senti falta de conseguir mexer um pouco no flow do plástico, que era presente por lá. Só da pra alterar durante a impressão a altura da camada, que é feito manualmente, a temperatura da camada e a velocidade.
Aliás, a Stella realmente tem bem mais opções ali no seu computadorzinho. Uma solução que eu encontrei e que veio por um acaso foi utilizar o Octoprint, um software que controla a impressora remotamente através de um Raspberry Pi, e que permite controlar também uma câmera pra fazer timelapses maneiros.
Um ponto que eu achei engraçado é que a Anycubic tem um barulho mais alto que o da Stella 2, barulho esse que começa a incomodar. Então, nada de ficar no quarto ou ambiente de trabalho. Não é um baita de um barulho, mas a Stella consegue ser mais silenciosa.
Para fechar, eu acho que a Anycubic poderia ser um máquina ainda mais interessante se tivéssemos mais possibilidades de upgrade como é o caso da Ender 3, onde você compra uma máquina e consegue gastar quase o dobro pra deixar ela totalmente customizada.
Eu imprimi uns pés para ela balançar menos e um suporte para ferramentas. Existem peças para substituir no eixo Z e a própria empresa repõe fans e hotends problemáticos que vira e mexe acontecem. Tem bastante história na internet da peça estragando e a Anycubic simplesmente mandar outra. Mas fora isso, nada de contato com a empresa.
Conclusão
Se você quer uma impressora 3D importada de entrada com um bom desempenho e fácil montagem e não pretende fazer upgrades, a Anycubic i3 Mega pode ser uma ótima opção. Ela é confiável e traz um desempenho maior do que modelos mais baratos e menos conhecidos – não tem por que economizar tanto assim.
Ela parece ganhar da Ender 3 logo que a caixa é aberta, e vai te fazer imprimir muito mais rápido, já que é de fácil montagem. Mas você não vai ter a mesma grande comunidade e possibilidade de upgrades. Sua base quente é realmente legal e um dos grandes diferenciais do produto. Até por isso eu acredito que irei manter a Anycubic no meu hall de impressoras para o futuro – é quase que a habilidade especial dela.
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