Esse é o Meta Quest 3, a evolução do óculos de realidade virtual mais vendido do mundo até o momento. Ele melhora basicamente em todas as frentes, e é basicamente 7 vezes mais barato que o Apple Vision Pro mas entregando quase tudo que a maçã faz. Passei 30 dias com o Quest 3, já enchi ele de acessórios e tenho muito o que falar.
Antes de tudo, eu preciso dizer que fui um usuário assíduo do Meta Quest 2 – tive experiências incríveis com jogos como o “Super Hot”, “I expect you to Die” e claro, com joguinhos de dança e bateria, que viraram meus favoritos.
Para mim aquela já era a experiência quase que definitiva – já que tiveram momentos em que eu esqueci que estava em um VR. Quando anunciaram o Quest 3 com resolução maior, eu sabia que precisava de um, mas depois de passar 30 dias com ele, temos bem mais coisas que o preparam para o futuro e até o colocam na frente do mais caro Quest Pro.
Construção e ergonomia
Para começar, vamos falar de construção por que aqui na frente já temos bem mais tecnologia. São 3 cápsulas que compõem o design frontal, o do centro é um emissor infravermelho, enquanto cada uma das laterais possuem 2 sensores, sendo um deles para a análise espacial e o outro um RGB passtrough para pegar a cor do local que você estiver.
É por conta desses dois sensores que a imagem do ambiente é agora colorida e mais definida. Ele ainda tem mais dois sensores espaciais na parte de baixo do aparelho para aumentar a área e pegar principalmente os comandos feitos com as mãos.
E aqui tem um ponto importante, aliás, dois! Os modos de realidade aumentada são bons o suficiente quando o ambiente está iluminado, mas podem melhorar. E quando eu falo que podem, é que existe a probabilidade.
O Quest 2 chegou totalmente sem a função, que foi evoluindo via software com o tempo. Os gestos manuais avançaram com o tempo e a mesma coisa já aconteceu aqui – a Meta acabou de anunciar um upgrade dos gestos que melhora o que já tinha.
Depois da minha experiência com o Vision Pro dá pra dizer que o reconhecimento de gestos com a mão da Apple é ligeiramente melhor, mas o Quest 3 tem tipo 90% da qualidade, mas com um ângulo de visão levemente menor.
O lado bom? Ele já vem com 2 controles que conseguem ser bem mais precisos tanto pra jogos quanto para catar letras no teclado do mundo virtual. Mas pra fazer uma busca no YouTube, por exemplo, eu já parei de usar os controles e parti apenas para mão. Ela também vai super bem quando você tenta trabalhar junto com um notebook, uma solução que já falo mais para frente.
Voltando para construção, esse é um equipamento que ficou levemente mais pesado – de 502 g passou pra 515 g, algo pouco perceptível, mas que conseguiu ficar 40% mais compacto – e nesse caso é bem grande a diferença.
A ergonomia não é das melhoras, mas fica bem na frente do Vision Pro que tem 100 g a mais e um peso mais concentrado na frente. Ainda assim, eu preferi seguir a mesma linha da geração anterior e peguei o suporte BoboVR, além de aumentar a capacidade de bateria dele equilibra com um pouco de peso na traseira. Então o peso total aumenta, mas não fica limitado a frente da cabeça.
Qualidade de imagem
Outra grande evolução de um ano para o outro foram as telas, que agora possuem 2064 x 2208 px e que utilizam tecnologia LCD. Para quem como eu já testou o Playstation VR com sua tela OLED ou o Vision Pro, o Quest 3 não é impressionante – mas pelo menos é um salto grande comparado com a tela bem mais apagada em cores que era o anterior. Nos joguinhos mais básicos eu não sentia, mas quando ligava o Quest 2 no PC era perceptível.
Basicamente o Quest 3 ganha em resolução do Playstation VR2 agora e mantém o mesmo ângulo de visão de 110º, que já é maior que o do Vision Pro.
O que isso tudo quer dizer então? Eu basicamente passei a conseguir ler nele tranquilamente. Esse era o meu maior problema no Quest 2. Era uma coisa que mesclava a minha miopia crescendo com algum ângulo das lentes que não batia.
Meu primeiro dia com o Quest 3 no hotel foi assistindo Onimusha no Netflix, e caramba, a telona que ele criou foi muito melhor do que a TV do próprio quarto. Passei também a assistir mais YouTube por lá e deveria ter brincado um pouco mais no avião, mas eu sou o tipo de pessoa que simplesmente dorme ou que assiste a tela dos outros.
O fato dele ser menor ajuda na hora de assistir ao VR mesmo na cama, de ladinho – e eu senti que o conforto dele está melhor, porque suei menos do que no Quest 2.
Desempenho e usabilidade
O ponto é que para conseguir alimentar essa tela de maior resolução e com melhores gráficos, eles precisaram dar um belo de um upgrade no processador. O Snapdragon XR2 Gen2 tem 2,5 vezes o desempenho do Quest 2.
Para vocês terem uma noção, pelo que pesquisei, ele é um Snapdragon 8 Gen 2 com o clock mais baixo, enquanto o anterior era baseado no Snapdragon 865, então é um belo de um salto. Tudo isso é acompanhado por 8 GB de RAM.
Basicamente todos os jogos que eu jogava no Quest 2 agora rodam mais liso, e o Smash Drums por exemplo, consegue rodar tranquilamente a versão de realidade aumentada – algo que ele tinha um pouco de problema antes. Na boa, é um prazer tocar bateria em realidade aumentada na sala da minha casa.
Por algum motivo, a realidade aumentada consegue me manter por mais tempo usando o headset do que a realidade virtual – parece que meus sentidos ficam um pouco mais tranquilos, que recebe menos informação.
O passthrough é bom o suficiente para eu ver que horas são no meu celular e ver se tem alguma notificação, mas eu não consigo ler a mensagem em si. Dá pra levantar e ir até o banheiro com ele se quiser e não bater em nenhuma parede, mas novamente se a luz cair, as coisas ficam mais complicadas que no Vision Pro, que consegue manter. É muito mais uma questão prática do que de experiência mesmo.
Eu peguei a versão de 128GB por que não sou uma pessoa que muda muito de jogo ou que liga pra estar tudo instalado – eu tenho os jogos de bateria, ping pong e mais uns dois dependendo do momento pra ir jogando.
O problema é que os jogos estão começando a ficar mais pesados e mais complexos – a própria Meta está liberando o Asgard’s Wrath 2 – que sozinho já tem mais de 30 GB. É bem possível que daqui uns anos os 128 GB não sejam tanto quanto hoje.
A tela e o processador melhor criaram uma experiência muito boa de parear o Xbox Cloud, que roda todos os jogos do Game Pass na nuvem. Eu achei que o lag seria maior, mas o pareamento com o controle do Xbox foi tranquilo e existe um app dedicado para isso na loja do Meta Quest. O ponto aqui é que mesmo jogando Hi-Fi RUSH eu não senti enjoo – o que é um bom sinal.
Outra coisa legal que deu pra fazer com o maior processamento e resolução foi trabalhar dentro desse meta verso. Uma solução bastante simples e que é a vantagem do Quest 3 perante o Vision Pro é que só de você ligar ele no cabo USB-C em um PC Windows você consegue replicar a tela – é o Quest Link. Novamente, eu usei isso pra jogar alguns títulos mais do que trabalhar, mas eu não desisti de tentar.
Mas deu também pra trazer meu MacBook e multiplicar sua tela com um app chamado Immersed – apenas uma das soluções possíveis. Você basicamente pode multiplicar sua tela do notebook por 3 e criar um espaço fora da imersão para conseguir ver o teclado.
Não é a solução mais bonita do mundo, mas eu fiquei surpreso quando uma pessoa conversou comigo em português em uma sala do absoluto nada. Eu tinha esquecido meu microfone ligado e estava falando altíssimo com a equipe aqui. A sensação realmente era que eu estava em uma sala com mais gente trabalhando.
Bateria
Só que tem um problema muito chato: a bateria ficou ainda menor. Quer dizer, a bateria em si é a mesma, mas esse aparelho consome mais e não aguenta nem 2 horas fora da tomada.
É melhor do que uma powerbank externa? É, mas precisa de uma powerbank externa, então eu comprei esse kit da BoboVR que não só equilibra o peso como tem essas powerbanks removíveis que vão sendo carregadas enquanto eu uso o aparelho.
É um saco pensar que você tem de comprar um acessório logo de cara pra ter uma experiência legal com o equipamento. Além disso, os controles estão menores e mais leves por não terem aquela proteção em volta da mão, mas não melhoraram em nada sua precisão.
Tem também o fato de que os jogos continuam bem caros na loja oficial da Meta e é necessário fazer a compra em dólar porque ele não está disponível aqui no Brasil ainda.
E você precisa ter uma conta Meta que não precisa, mas eles gostam que esteja associada com o Facebook – pelo menos isso melhorou desde a ultima geração.
O processo de pareamento foi confuso e eu não consigo transferir facilmente de uma conta pra outra, sem contar o menu do Facebook que é enorme e confuso também.
Conclusão
Uma coisa interessante que a Meta fez, foi manter o Quest 2 sendo vendido por mais ou 299 dólares, enquanto que o Quest 3 fica disponível por 499 dólares. O salto de qualidade é grande, mas o de experiência não é tão grande assim.
Foi muito mais agradável assistir filmes e conseguir ler no Quest 3 e eu me vi usando muito mais o óculos para essas coisas do que antes, mas para jogar a diferença não foi grande – e acabou até me incomodando mais o lance da bateria menor. O ponto é que alguns jogos podem começar a ficar um pouco mais para trás no modelo mais antigo.
Só que no momento eu acredito que esse é o melhor VR custo benefício. O ecossistema no Windows e no próprio sistema dele permitem que você jogue muita coisa, que escolha alguma solução de produtividade e que consuma conteúdo tranquilamente por sete vezes menos que o valor de um Apple Vision Pro.
O problema é que ele não é melhor em nada, mas faz sentido pela diferença de valor e a outra opção seria ficar preso ao PlayStation VR2. Então essa é minha grande recomendação para a maioria dos interessados em óculos de realidade virtual.
Deixe um comentário