Essa é a TCL P745. Uma tela gigante, 85 polegadas, porém com a proposta de ser mais em conta. Dentro da família TCL, ela pode ser considerada a versão grandona da P735, com algumas alterações para adaptá-la para esse tamanho tão grande. Será que ela vale a pena?
TCL P745
- Tamanhos de tela: 85″
- Resolução 4K (3840 x 2160px)
- Frequência da tela: 60Hz
- Tipo de tela: LCD VA
- HDR10
- 3 entradas HDMI e 2 entradas USB
- SmartTV com Google TV
Para começar, uma versão especial para uma TV grande é algo que faz muito sentido para um modelo de entrada. As versões comuns, direcionadas para o mercado de 50 polegadas, costumam ter muitas limitações, mais fáceis de perceber em uma imagem maior.
O processador costuma ser mais lento, então o pós processamento de imagem pode travar, levando a artefatos. Isso prejudica bastante a qualidade, e diminui o custo benefício desses modelos mais em conta, quando passamos de 60 ou 65 polegadas.
A P745, então, tenta resolver tudo com alguns pequenos upgrades, que você não encontra lá na P645.
Construção e conectividade
Antes de entrar nos detalhes internos, logo na parte externa temos um upgrade – algo que nem todo mundo pensa, na montagem da TV. Por mais que essa não seja uma tela pesada, aqueles pezinhos de plástico de TVs menores, não dão conta de 85 polegadas.
Aqui, a base está separada em dois pés, de metal e com um plástico antiderrapante embaixo. Ficam encaixados por 3 parafusos, na parte de trás da TV.
Você pode, inclusive, escolher a posição: centralizado ou nos cantos. Já viram algo assim antes? Achei bem legal. De qualquer forma, minha preferência, por conta de dois gatos sapecas, é pelos pés nas pontas, pois a TV balança menos.
Caso seu móvel seja pequeno, e você não tenha crianças ou pets com movimento vertical, pode colocar no centro sim, que fica estável. Menos que na ponta, mas, ainda assim, estável.
Olhando para o resto da traseira, a P745 é fina, com uma parte maior no centro, com as placas de imagem, de controle, e as entradas.
Aqui temos um probleminha. Por ser uma TV grande, não é tão fácil acessar todas essas portas. Dependendo da forma que você tentar se enfiar ali, é até perigoso derrubar a tela – já que ela não é tão pesada.
O ideal é você conectar todos os cabos que for utilizar, antes de posicionar a TV no móvel e sempre ter duas pessoas manejando tudo – uma para segurar a frente da TV, e outra para navegar em volta dela, com os cabos.
Falando nelas, a P745 possui 3 HDMI, duas portas USB, além do cabo coaxial e, um pequeno diferencial da TCL, adaptador VA.
Não são os 3 círculos coloridos de sempre, é apenas uma entrada amarela, que você pluga esse adaptadorzinho que vem com a TV. É uma boa alternativa, caso você tenha algum dispositivo que ainda utilize o VA.
Partindo para a frente da TV, as bordas dela são finas também. Aliás, as bordas são inexistentes. Essa linha preta que você vê nas extremidades do vidro, está na parte de dentro dela.
A TCL tem muitas TVs que utilizam esse design, que é bonito, dá um ar moderno. Eu só me preocupo um pouco com a proteção da tela. Você pode ver como o vidro chega até a curva, pressionando com o dedo ali. Nem precisa ser forte.
Por ser um vão, também existe a questão da poeira entrando ali. Não me deixa super preocupado, mas são pontos para ficar de olho.
O controle é o clássico da Google. É um modelo maior, com vários botões específicos para streaming, microfone para o assistente de voz, e algumas redundâncias também. O corpo é todo de plástico, e sem diferenciais perante outras marcas.
Podia ter um design mais moderno, mas ele cumpre sua função – escolher aplicativos. Agora, antes de passar para a qualidade de imagem, um aviso da distância da TV para o seu sofá.
O ideal é que a distância entre você e a tela esteja entre 2,5 m e 3,5 m. Fique a 2,5 m se você gosta da sensação de uma tela bem grande, que precisa mexer o pescoço para ver tudo, ou coloque além de 3,5 m para evitar isso.
Essas recomendações não são apenas questão de conforto. Elas também afetam a qualidade de imagem – especialmente para a distância mínima.
Se você ficar posicionado num sofá mais próximo, uns 2 metros, por exemplo, você terá dois problemas. A tela ficará muito alta, levando a problemas com ângulo de visão, e a definição da imagem será menor, sendo possível visualizar os pixels.
Qualidade de imagem
Pensando agora de forma mais direta na imagem, primeiro vamos para os testes. Com o colorímetro, conseguimos medir um alcance de 98% do espectro de cores DCI P3, com 2300:1 de contraste, e brilho máximo de 300 nits.
Outros recursos relacionados a imagem, que a TV possui, são o micro dimming, compatibilidade com HDR10 e Dolby Vision.
São valores e recursos que impressionam para uma TV de entrada, no entanto, esse é um detalhe que precisamos considerar. Vamos por partes.
A P745 é uma TV LCD VA. Então, em cores, apesar dela conseguir exibir o vermelhão, super forte, para o colorímetro ler, a acurácia dessas cores é baixa, e a saturação exagerada.
Quase todas as marcas estão tentando essa estratégia de “tunar” as cores, nos modelos com painel LCD simples. Mas, no geral, não dá tão certo. A TV realmente precisa de um painel QLED ou OLED, para alcançar níveis mais altos de cores.
No entanto, quando você ajusta a imagem, para um nível de gama menor, ela se sai muito melhor. Graças, principalmente, ao restante dos recursos. Por exemplo, o HDR e o Dolby Vision.
O impacto não é o mesmo de um Dolby Vision ou HDR numa TV top de linha. Mas, todos problemas de acurácia de cor vão embora, com muitas melhorias no equilíbrio dos brancos e na profundidade dos pretos.
Considerando a faixa de preço, é um ótimo resultado – mesmo sem utilizar todo o espectro de cores DCI P3.
Eu comentei também que a P745 possui micro dimming. Para quem não conhece, esse é um recurso onde a tela controla o brilho, de acordo com a necessidade da cena. Imagens mais claras, ficam com mais brilho, e imagens escuras, a intensidade diminui.
No entanto, o dimming da P745 é simples. A tela toda apaga ou diminui, não tem setorização igual ao local dimming, de TVs mais caras. Funciona bem para a categoria, também.
Um último recurso que eu queria comentar era do ajuste de movimento, especificamente a opção “padrão de cinema” que desliga qualquer interpolação de movimento que a TV esteja tentando fazer.
Precisa ativá-la? Olha, no geral eu não vi muitos artefatos de interpolação na tela. Esse é o processamento de imagem, que tenta simular uma taxa de quadros mais alta. No entanto, como a tela tem 60 Hz, o efeito não é tão intrusivo.
Em alguns filmes muito movimentados, assistindo cenas de ação frenéticas, aí você observa alguns desses artefatos, mas costuma ser algo rápido, que não deve te incomodar. Caso te incomode, o padrão cinema resolve.
No geral a imagem da TCL P745 é boa, corresponde ao que você espera de uma TV de entrada. Tem suas limitações, mas se você desativar os recursos que ela não aguenta, fica bom.
Depois de imagem, som, e esse é o ponto onde a P745 não está legal. Por ser grandona, esperávamos um alto falante mais potente, pois tem mais espaço aqui. No entanto, não foi isso que aconteceu.
São 2.0 canais, bem fraquinhos, sem presença de graves, e agudos com pouca definição. Você sente bastante a sua limitação escutando música, com musicais, ou filmes onde os efeitos sonoros são mais fortes – pense aqui em Blade Runner ou Mad Max.
A TV até possui alguns recursos para tentar melhorar o som, como simulador de surround, e uma tela de configuração bem extensa. Mas, sem falantes mais potentes, não tem jeito, não dá para alcançar um nível tão bom.
Sistema Smart TV
E por fim, falei bastante de opções, tanto para imagem como para som, mas podemos nos aprofundar agora no sistema.
A P745 utiliza o Google TV, que ganhou várias atualizações no último ano, e se tornou uma das melhores interfaces de TV. A “desvantagem” dela, que nem é tão grande assim, é a integração dele com as configurações internas da tela.
As TVs da Samsung e da LG, por exemplo, possuem sistema próprio, que vai mais fundo nessa parte de ajustes. Aqui você tem uma interface para jogos, mas não é algo tão avançado quanto você vê nas coreanas. Integração com soundbar e ecossistema, no geral, também são melhores lá.
Para compensar essa parte, o Google TV utiliza todo o poder do Android, para trazer um sistema de integração com os aplicativos.
O menu inicial é separado em abas, na parte de cima, e algumas categorias na horizontal, abaixo da lista de aplicativos.
O diferencial dele é a linha de recomendações, que junta programas e filmes de vários aplicativos diferentes. Você nem sabe de qual streaming aquele conteúdo é.
E, quanto mais você utiliza a TV, mais ela aprende seus gostos, e melhor ficam as recomendações. Nessa época de conteúdo infinito, onde você passa horas navegando as listas dos streamings, sem nada para assistir – uma recomendação inteligente consegue te ajudar bastante.
Outra integração boa é com o que você já estava assistindo. Se o seu filho estava assistindo um desenho e parou no meio, o programa aparece aqui. Só clicar que continua de onde tava. Não funciona tão bem com todos os streamings, mas é um recurso útil.
A quantidade de aplicativos compatíveis também é alta. Aliás, é a mais alta. Com o poder do Android, nenhuma outra interface traz uma biblioteca tão grande. Dito isso, falta um app, que por enquanto é exclusividade da Samsung – o XCloud.
Isso tem sido uma pedra no sapato de todo mundo que não se chama Samsung, pois o XCloud foi bem recebido, e é uma ótima solução para jogar sem gastar tanto. Alguns outros serviços de streaming de jogos não estão disponíveis também, como o Antstream, mas a expectativa é que eles cheguem eventualmente.
O que você pode baixar no Google TV hoje é o GeForce Now. Funciona bem, só é um pouco mais caro, pois você precisa comprar os jogos separadamente. Precisa de um periférico também, conectado no bluetooth da TV, e uma conexão boa com a internet. Se você busca uma solução mais em conta que um PC gamer, para jogar em casa, vale dar uma olhada.
Conclusão
Vamos falar de preço agora? A TCL P745 aparece no mercado, hoje, por 6400 reais. É um preço relativamente baixo para uma tela desse tamanho. A CU8000 da Samsung, que é uma TV com proposta muito similar, custa quase 8 mil reais.
Claro que, ninguém tem 6 mil reais sobrando. Mas se você tem uma sala bem grandona, com mais de 3 metros, e quer uma tela maior, ela pode ser uma opção.
No entanto, se sua sala não é tão grande, minha recomendação segue a mesma de sempre. Priorize uma TV menor, de uma linha superior. Dentro da TCL, a própria C645 é uma TV com imagem bem melhor, QLED, que custa menos de 6 mil reais na versão de 65 polegadas.
Coloque tudo isso na balança, antes de escolher uma tela grande, apenas pelo fato dela ser grande e nada mais.
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