A TCL P65US faz parte da nova linha de Smart TVs 4K de entrada da Semp TCL, uma empresa formada por uma joint-venture ou parceria entre a brasileira Semp e a chinesa TCL. Com foco em preço, será que esse é o modelo certo para ser o seu primeiro 4K? É o que eu vou tentar responder hoje para você.
Há 3 anos, ter uma Smart TV de resolução 4K e com mais de 50 polegadas era sinônimo de ostentação, mas cada vez mais essa tecnologia vem se difundindo. Atualmente, qualquer TV acima de 49 polegadas já tem essa resolução e as marcas vem reduzindo cada vez mais o preço de seus equipamentos.
Como eu já comentei, a TCL tenta pegar o mercado mais base, e para isso tem de abrir mão de algumas características. Primeiro, deixa eu falar o que existe de bom.
A evolução do Full HD para o 4K trouxe alguns avanços além do painel com maior número de pixels. A primeira e mais importante é a implementação de um processador para realizar HDR, ou grande alcance dinâmico, uma tecnologia que processa informações para aumentar o contraste e dar mais vida para as cores.
Com as TVs se tornando mais “inteligentes” foi fácil melhorar o “processamento” delas e trazer alguns outros incrementos como o upscalling para vídeos em menor resolução e um processamento de cores mais eficiente. A TCL, tal como a maioria dos concorrentes passou a entregar isso mesmo nos pacotes mais básicos.
Qualidade da tela
O que começa a importar é tanto a qualidade dessas funções quanto a qualidade dos componentes. O painel desse modelo aqui, por exemplo, é apenas RGB – o que traz maior definição de cores quando comparado com outros modelos RGBW, que são aqueles que colocam um pixel branco no meio.
Isso não quer dizer, no entanto, nada sobre a qualidade do próprio display, já que lado a lado com a MU6100 da Samsung, equipamento também RGB, a TCL mantém o mesmo brilho, mas fica pra trás em acuracidade de cores e em contraste, duas características extremamente importantes.
Em 4K a definição dos dois modelos me impressionou, mas isso só acontece em um cenário controlado com arquivos em pendrive ou algo do tipo, já que o sistema não colaborou muito para entregar a melhor imagem possível. Deixa eu te explicar o porquê.
Atualmente ainda recebemos muito conteúdo em Full HD e principalmente em HD. TV aberta, por exemplo, mesmo a tv HD ainda vem em 720p, e muitas vezes, mesmo no cabo, minha internet não aguenta 4K no Netflix.
Por isso, o upscalling é extremamente importante para “supor” como construir uma imagem pequena no 4K, coisa que a TCL está fazendo pior do que os seus concorrentes de entrada. A diferença de um conteúdo 1080P para 4K na Samsung é pouco perceptível, o que me permite às vezes ter uma conexão um pouco pior e extrair um bom resultado.
Na TCL o problema foi duplo, não só a imagem em 1080P ficou um pouco mais granulada, como a TV mesmo no cabo teve problemas de processar o volume de dados 4K do YouTube. Ou seja, ficamos limitados à um 1080p que não extrai toda a qualidade da TV.
Software e usabilidade
Em 4K a TCL vai muito bem, mas quero ver você conseguir rodar em 4K e eu acho que grande parte desse problema está no software dela. Até porque a escolha do sistema operacional é uma zona. Existem países onde temos Android TV, nos estados unidos a marca conseguiu ser mais competitiva tanto com preços melhores como um sistema mais redondinho chamado RokuTV, e aqui no Brasil, temos um sistema proprietário que não só é pouco fluido como parece afetar os aplicativos também.
O próprio browser de internet e a entrada do Netflix não parecem estar com resolução 4K, entregando serrilhados nos menus, o que pra mim sinceramente, já estraga um pouco da experiência.
Esse sistema também não é muito fluido. Às vezes demora alguns segundos para a TV reagir a qualquer comando e a sua loja de apps é estranha e até mal organizada. Além disso, o catálogo é limitado. Não temos Spotify, Amazon Prime Video e o aluguel de filmes no Globo Play, limitando bastante o uso.
A TCL economizou também na qualidade de áudio com seus dois alto falantes de 8 Watts. Eles até que conseguem chegar em volumes bons para uma sala média, mas não se compara com o alcance e a qualidade de som das TVs com falantes duplos de 10 watts, que entregam mais graves. A TV de 55 polegadas entregou um resultado que eu esperava em uma de 40, 43 polegadas e abaixo dos 2 mil reais.
Por outro lado, em questão de conexões a TCL não decepciona. São três entradas HDMI, duas USB, uma RJ-45 para internet, o cabo coaxial, componente AV e saída de som ótica, tudo isso atrás de uma tela de 55 polegadas com bordas finas. Apenas o botão de liga e desliga existe de maneira física, o resto é feito pelo controle remoto.
Falando no controle, ele é um daqueles compridões, com botão para tudo que é detalhe. Ele é bom, me passou confiança, mas olha, um sistema melhor ia eliminar a necessidade de metade dos botões.
Conclusão
Olha, para resumir tudo, a TCL tem um foco em preço sem realmente ter preço. Com esse modelo aqui de 55 polegadas beirando 3 mil reais, temos concorrentes como Samsung e LG fazendo mais pelo valor ou até mesmo por preços mais baixos.
Com um painel, som e sistema operacional pior do que dos concorrentes diretos, a TCL P65US teria que diminuir muito de preço para começar a valer a pena.
Nesse caso, eu só compraria essa versão de 55 polegadas se estivesse por volta dos 2 mil reais. Fora isso, Samsung NU7100 e LG UK6520 compensam bem mais.
pietro diz
Finalmente, análise direta e técnica. Parabéns
Sugestão de conteúdo: configuração mínima pra passar filmes 4k para TV, sem ser por aplicativo (HDMI, USB)