Depois do hype dos celulares modulares o único projeto similar que foi pra frente foi a linha Moto Z da Motorola, que está em sua terceira geração. Mas se você quer usufruir das possibilidades dos snaps, esses acessórios que encaixam na traseira do aparelho, o que vale mais? Pegar um Moto Z2 Play, do ano passado ou um Moto Z3 Play?
Antes de começarmos, vale comentar que como sempre, o Moto Z3 Play é um avanço incremental do Z2 Play, então provavelmente será melhor em diversos ou quase todos os pontos. A grande questão que fica é se vale a pena pagar mais de 500 reais por esses avanços ou se o modelo do ano passado já é suficiente para você.
Design
Para começar, vamos dar uma olhada nos dois modelos por fora. Suas dimensões de altura e largura são exatamente as mesmas, justamente para manter a conexão com os snaps. Na nova geração a Motorola escolheu colocar vidro na parte traseira do produto, o que acaba deixando o aparelho com a cara mais premium, mas também o torna mais frágil e extremamente suscetível à marcas de dedo.
Como o Z2 Play é feito em alumínio unibody, eu realmente recomendaria ele para aqueles que querem algo mais resistente. Aliás, o Z2 é um pouco mais fino com 6 milímetros de espessura contra 6,8 do Z3. Eles tem essa pegada mais reta e que eu particularmente gosto, mas tem muita gente que vai querer colocar pelo menos uma style shell para ficar mais com uma pegada mais cheia na mão.
Os dois modelos contam com conexão USB-C na base do aparelho, porém somente o Z2 Play mantém a entrada de fones de ouvido P2, um ponto bem chato no modelo atualizado. Nos dois casos, a saída de áudio está localizada logo acima da tela. E se isso é bom pelo fato de ser quase impossível você tampá-la, nos dois casos você tem uma saída de qualidade que não impressiona e a falta de um sistema stereo. No geral, os dois tem resultados muito parecidos nesse quesito.
A bandeja de chips do Moto Z2 Play fica no mesmo lugar que a do Z3, no topo do aparelho, porém substituíram a bandeja tri-chip por uma bandeja híbrida na nova geração, o que me incomodou um pouco, já que o aparelho é um pouco mais grosso para comportar mais coisas e até agora eu só vi funções sendo tiradas.
Uma mudança importante de um aparelho para o outro foi o posicionamento do sensor de digitais que passou da frente para o lado do aparelho. Com isso, o Z3 Play tem os botões de volume do lado direito, o sensor de digitais e o botão de home passou para o lado esquerdo, um lugar que não é tão confortável para falar a verdade. Depois que você acostuma ainda não é das posições mais ergonômicas não.
Tela
Essa mudança de posição do sensor de digitais foi necessária para comportar a tela, que conta com uma nova proporção de 18:9 e agora ocupa aproximadamente 78% do aparelho contra 70% do anterior. Nos dois casos, temos um painel Super Amoled que não só tem um contraste maior do que o IPS ou afins, como ajuda a reduzir o gasto energético – já que quando temos uma cena preta os pixels estão apagados.
Nos dois casos as cores da tela são mais saturadas do que o normal, mas em questão de brilho o Z3 Play ganha, sendo mais fácil de usar na rua. A tela de 18:9 é muito mais útil do que a 16:9 e o acesso aos atalhos através de um botão adaptado, alinhado com o design do Android P.
Desempenho
Em termos de hardware, o Moto Z3 Play oferece até 40% mais poder de processamento se comparado ao Z2 Play em testes de benchmark, mas pra ser sincero o ganho é na verdade bem marginal. Alguns jogos vão rodar melhor mas no geral o gerenciamento de memória RAM acaba por fazer alguns aplicativos reinicializarem mais do que a média e fazer com que uma segunda volta de abertura seja mais lenta do que a do Z2 Play.
Temos um Snapdragon 636 e 4GB de memória RAM de boa velocidade, enquanto o Z2 Play entrega um Snapdragon 626 com a mesma quantidade de memória RAM e no compilado de benchmarks internet a fora, o processador mais novo se sai melhor muito por conta de toda otimização que a Qualcomm fez com este SoC intermediário.
O ganho de performance pode ser notado também na parte gráfica, porque ao invés de uma GPU Adreno 506 como no Z2 Play, o Z3 Play entrega uma Adreno 509, que segundo o notebookcheck, é pelo menos 20% superior em jogos como o Battle Bay e em benchmarks como o 3DMark.
De novo, minha percepção foi de que realmente os ganhos são bem incrementais também em jogos, nada que faça uma baita diferença, são uns frames aqui, um jogo carregando um pouco mais rápido ali, mas nada que vá mudar a sua escolha.
A verdade é que a combinação dos 64GB de armazenamento, 4GB de memória RAM e processador intermediário que não consome tanta energia são um ótimo padrão e o Z2 Play ainda é um modelo atual, por assim dizer, já que roda fácil o PUBG, Need for Speed No Limits e qualquer outra coisa que você queira.
Um dos grandes diferenciais do Moto Z2 play sempre foi sua bateria que não só era otimizada como estava aberta a ser ampliada através dos snaps. Quando anunciaram que o Z3 Play era um pouco maior, eu esperei que tivesse também uma bateria maior, mas não foi o caso. Os dois modelos contam com 3mAh e carregador rápido de 15W.
Isso faz com que o Z3 Play tenha em média 8 horas e pouco de tela contra 9 horas e meia do Z2 Play, que sim, era melhor nesse quesito por ter um processador mais de boa, uma tela menos brilhante e menor. No geral os dois são melhores do que a média e depois que você bota o snap de bateria eles meio que demoram a mesma coisa, passando fácil dos dois dias de uso.
Câmera traseira e frontal
O Z2 Play nunca foi muito conhecido pela sua câmera e tivemos algumas alterações de um ano pro outro. Elas não foram em especificações, já que os dois contam com um sensor de 12 megapixels e abertura f/1.7. É mais questão de qualidade de sensor e de otimização de software, que trouxe uma faixa dinâmica maior, um senso de profundidade que só celulares mais caros traziam, e claro, maior saturação.
Em baixa e média luz as diferenças não são expressivas, mas se mantém a boa velocidade de foco que temos em todos os modelos intermediários da Motorola. Eu acho que a foto não só ficou mais “focada e detalhada” nos diversos testes, como a Motorola programou para que as sombras ficassem mais claras.
De novo, grande parte da foto parece questão de pós processamento, mas parece que tudo isso junto dá um pouco mais de profundidade para o Z3 Play que consegue tirar fotos melhores e mais rápido, coisa que você faz parecer um pouco melhor.
Além disso, temos a presença de um segundo sensor de 5 megapixels que serve pras funções de recorte, modo preto e branco, seleção de cor e o conhecido modo retrato que é bem ok. Ele as vezes corta sua orelha e cabelo, então não é das melhores, mas dá bem pro gasto se você tirar um tempo maior para fazer uma foto legal.
Temos ainda o cinemagraph, uma função bem interessante que movimenta partes da cena que você deseja e que entrega um resultado bem legal, de verdade.
No lado do vídeo não mudou muita coisa, já que desde o Moto Z2 Play a gravação em 4K a trinta quadros por segundo estava presente, e apesar de já termos equipamentos mais baratos com estabilização ótica, no Z3 Play ela é só de software, mantendo a gravação em Full HD uma opção muito mais interessante se você não estiver com um tripé ou estabilizador.
Na câmera frontal, eu esperava que o Z3 Play se saísse bem melhor do que o Z2 Play, não só pelo incremento de resolução de 5 para 8 megapixels, mas porque está na hora das empresas entregarem um resultado melhor nessa faixa de preço.
Um ponto bom dela é que agora temos o modo retrato na frontal, sem a adição de um segundo sensor. Vocês já sabem que no geral, intermediário com essa função nunca vai muito bem e aqui não é diferente. De novo, em boa luz e com esforço você pode conseguir algo legal.
Para ser sincero, a frontal do Z3 Play é só ok, no padrão dos intermediários mesmo. Ela grava em 1080P e infelizmente não temos mais o flash frontal, o que pode ser algo bem chato pra algumas pessoas.
Software
Pelo fato dos dois serem da mesma marca, quase não se vê diferença na interface do Android, com um design que tende para a versão limpa, mas que disso não tem mais nada, principalmente no modelo mais atualizado. Eu gosto de todas as funções adicionais como o Moto Tela e Moto Ações, Moto Voz – presente apenas no Z3. Isso ainda pode melhorar bastante e se tornar um diferencial da empresa, especialmente agora que os concorrentes estão se posicionando com soluções similares.
Apesar de os dois estarem na mesma versão do Android, o 8.0, o Z3 Play já recebeu uma atualização para o 8.1 e será atualizado para o Android P, coisa que o Z2 Play que saiu com o Nougat de fábrica ainda não confirmou. Acho que ele até pode receber, mas certamente vai atrasar um pouco mais que o Z3 Play. Se você se importa com software atualizado, o Z3 Play vai se dar melhor nesse quesito.
O que não ficou claro é se o moto voz, atualizado com funções que permitem fazer alterações no sistema e pesquisar mais algumas informações estará presente no Z2.
Os dois modelos tem NFC, permitindo o pagamento mobile via Google Pay, e o GPS dos dois funcionou de forma bastante eficaz.
Conclusão
As câmeras evoluíram o suficiente para eu comentar que esse é sim um fator de compra, sua tela é bonita, brilhante e com mais espaço. O sensor de digitais na lateral é de bom gosto, e claro, a bateria ainda é acima da média. Mas olha, a diferença entre eles não é tão expressiva assim. Você vai conseguir jogar tudo o que tem de jogar nos dois, vai conseguir usar os snaps, ter uma entrada de fone de ouvido e a bandeja trichip.
Tirando a tela e design que são uma baita diferença, eu particularmente ainda estou achando que não vale tanto assim o upgrade para o Z3 Play, a não ser que eles se aproximem bastante no preço.
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