O Moto Z3 Play chegou como uma aguardada evolução que ainda é compatível com os Snaps, uma promessa cumprida pela Motorola. Será que vale a pena investir pelo menos 700 reais a mais no modelo mais novo?
Os incrementos são suficientes não só para convencer os usuários de um upgrade como para competir com outros modelos do mesmo segmento?
O Moto Z2 Play foi e ainda um dos aparelhos mais interessantes que temos no mercado de intermediários no Brasil. Não só possui uma configuração consistente como um sistema fluido, e claro, um aproveitamento de bateria acima da média, que se tornava um monstro com os snaps.
Design
Diferente da versão anterior, o Moto Z3 Play decidiu retornar às suas origens e utilizar o acabamento em vidro em toda sua traseira, que agora é um enorme imã de digitais.
Sim, a intenção é que você tenha uma capa por cima, uma style shell ou coisa do tipo, mas é aí que começam os problemas.
O aparelho não vem nem com capinha, como todos da linha G, nem com uma style shell gratuita. Se você quiser algo a mais, tem de pagar. Mas ok, vamos deixar isso de lado agora porque o aparelho é bonito demais.
Basicamente, para manter o suporte aos snaps, a empresa teve de manter o tamanho exatamente igual das últimas linhas e para seguir as tendências precisou adicionar uma tela com proporção 18:9.
Com isso, a frente do aparelho ficou quase completa, atingindo quase 78% de aproveitamento. Como o sensor não cabe na frente, nem atrás por conta dos snaps, foi necessário adaptá-lo para o lado direito do aparelho, onde ficou ergonômico e funciona bem.
É uma experiência diferente e terão pessoas que vão gostar e outras não. Eu simplesmente consegui usar sem problemas e me acostumei rapidinho.
Infelizmente o aparelho não conta com resistência à água, apenas contra respingos, coisa que o Moto X4 com metade do preço já entrega.
O estranho mesmo é que a Motorola optou por separar o botão de home do sensor de digitais e com isso o botão foi pro lado esquerdo, um lugar um pouco incômodo.
O equipamento conta com uma bandeja híbrida e a entrada de fone de ouvido foi retirada, mesmo ele se tornando um pouco mais espesso do que o modelo anterior em um total de 6,8mm.
Esses dois pontos são bem incômodos, já que tanto o Z2 Play quanto o Moto G6 Plus possuem essas características. De qualquer forma, apesar do pequeno incremento em espessura, o Z3 Play ainda tem uma pegada reta bastante parecida com a do modelo anterior e que eu gosto bastante.
Tela
A sua tela é tratada como um benefício, já que utiliza um painel amoled de 6 polegadas – esse tipo de tela tem um melhor contraste mas geralmente é mais saturada quando colocada lado a lado com o G6 Plus.
Você vai perceber que o brilho dela é bastante similar, e ela ganha do Z2 Play nesse quesito, possibilitando que você use o celular na rua sem problema algum.
Infelizmente, essa tela também ajuda o Moto Z3 Play a gastar um pouco mais de bateria.
Mas isso eu já explico melhor porque eu quero falar de outro tema que influencia bastante esse ponto primeiro: o desempenho!
Desempenho
O Moto Z3 Play vem com um Snapdragon 636, um processador com tecnologia nova que consegue mesmo com um clock inferior ao Snapdragon 625, atingir melhor desempenho.
Claro, conseguir um melhor aproveitamento de bateria do que o Snapdragon 660, que é uma versão mais potente e “gastona” desses processadores intermediários.
O Moto Z3 Play basicamente roda qualquer aplicativo sem problema algum. O estranho é que tal como a linha moto G, o Z3 Play parece um pouco mal otimizado, já que o Galaxy A8 conseguiu abrir jogos com mais facilidade do que o Z3 Play.
Parece que na hora que você clica para abrir o aplicativo o Samsung dá uma engasgada, mas depois que o aplicativo abre, ele carrega mais rápido.
Eu só estou falando isso porque pude ter a experiência com os dois celulares lado a lado, mas você não vai sentir diferença. Quem sabe em uma atualização futura isso melhora, afinal, o 636 chega a 113 mil pontos de benchmark, uma boa marca.
Vale associar isso também à sua memória RAM de 4GB que tem boa qualidade e aos 64GB de armazenamento que vieram em sua grande maioria livres.
Como sempre, o Z3 Play veio com um Android com poucas alterações (o que me estranha também o fato de não estar tão otimizado assim). E aliás, tiraram algumas opções quando comparado a equipamentos mais baratos da própria marca.
Apesar de estarem presentes o Moto Tela, o Moto Voz em versão beta e as Moto Ações, com novo sistema de gestos capaz de substituir os atalhos presente no sensor de digitais, fica faltando o Moto Key, que eu particularmente acho bem útil apesar de ser bastante conservador a ponto de não usar.
Câmera traseira e frontal
O Moto Z3 Play trouxe também alguns incrementos de câmera mas nenhuma revolução. Ele conta com uma lente traseira de 12 megapixels e abertura f1.7, ainda sem estabilização ótica.
Sim, ela manda até que bem na estabilização e no foco, mas isso é feito digitalmente. A qualidade é bem legal para um intermediário mas tanto as especificações quanto o resultado são bastante similares ao Moto G6 Plus e ainda ficam pra trás do Galaxy S7, modelo que está mais barato.
É possível conseguir uma boa sensação de profundidade e conseguir fotos com qualidade mediana em baixa luz, além de duas novas funcionalidades bem interessantes por aqui.
A primeira elas é o cinemagraph, que capta diversas fotos em sequência e movimenta apenas uma parte da imagem a sua escolha (formando um gif bem legalzinho) e a segunda é o botão de streaming direto para o YouTube.
Comparado com o modelo anterior, a presença do modo retrato tanto na traseira quando na frontal é um incremento. Enquanto na traseira temos uma segunda câmera de 5 megapixels para proporcional esse efeito, na frontal isso é feito apenas via software.
O que importa é que na traseira os resultados são bem aceitáveis e bem parecidos com o do G6 Plus.
No caso da frontal, temos uma câmera de 8 megapixels com abertura f2.0 e que entrega uma qualidade boa. Não surpreende que nem o Galaxy A8, nem decepciona como foi o caso do LG G6 do ano passado.
Na traseira conseguimos gravar em 4K a 30 quadros por segundo, na frontal em 1080p.
Os dois equipamentos já contam com NFC, tem um GPS que funciona bem. Afinal, temos todos os sensores essenciais por aqui, e claro, usam um conector USB-C para carregar.
Bateria
Aproveitando, está na hora de falar de bateria. O Z3 Play tem os mesmos 3.000mAh do Z2 Play, que conseguia chegar a estupendas 9 horas e meia de tela.
A tela maior, o processador mais potente e o brilho mais alto da tela fazem com que em uma hora de streaming via Wi-Fi com brilho no máximo descarregue o celular quase 50% mais rápido. Foram 10% contra 6% de descarga do Z2 Play.
No dia a dia, a diferença diminui porque você nunca precisa colocar a tela tão clara quanto o outro modelo, mas eu cheguei perto das 8 horas de tela, um número muito bom para essa capacidade de bateria.
Assim como a Motorola gostaria que você fizesse, dá para acoplar um snap de bateria para quase dobrar a sua capacidade. Aliás, nada de snaps novos no lançamento e nada de preços mais competitivos também.
Conclusão
O Moto Z3 Play não entrega um diferencial claro em desempenho, câmeras ou design para custar R$2.300 em seu lançamento.
O Moto G6 Plus entrega basicamente o mesmo com adição de TV digital, uma bandeja com espaço para 2 chips e 1 cartão SD simultaneamente, além de uma capinha grátis por 700 reais a menos. Até a câmera é parecida. Por isso, fica complicado recomendar o Z3 Play de cara.
Apesar de estar ficando para trás em atualizações, o Z2 Play tem mais bateria e ainda funciona muito bem por um preço mais em conta. Conclusão? Lindo, útil, mediano e caro.
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