Não é de hoje que os serviços de assinatura vem ganhando força, seja os melhores serviços de streaming de vídeo como Netflix, música com o Spotify, mas também aquelas caixas dos mais diversos produtos que chegam na sua casa mensalmente, e claro, também temos de jogos. A maioria das grandes publishers estão se mexendo para oferecer seus próprios jogos dessa forma, mas o maior e mais variado serviço atualmente é o Xbox Game Pass.
E claro, agora que ele está disponível aqui no Brasil e para PC, eu consigo explicar com mais detalhes todas as possibilidades para você decidir se vale ou não a pena pagar a mensalidade desse tipo de serviço que te permite jogar inúmeros jogos.
O que é o Game Pass?
Para começo de conversa a Microsoft já vinha trabalhando há vários anos para que o Xbox One conseguisse receber todos os jogos que rodam no Windows e vice versa. A intenção sempre foi diminuir as barreiras entre as duas plataformas, afinal, os dois produtos são da mesma empresa, o Windows é a plataforma de jogos no PC e não faria sentido a empresa mantê-los separados, dividindo os seus consumidores.
O resultado, a consequência e um novo passo nessa direção foi a criação do Game Pass Ultimate, um aglomerado do que já existe para Xbox e Windows em um preço único e com alguns benefícios adicionais.
O serviço mais “básico” é o Live Gold do Xbox One e 360, que para o bem ou para o mal, é necessário se você quer jogar online no console. Mas, além de ser necessária para mais alguns recursos, essa assinatura também te dá benefícios na forma de promoções especiais com o “Deals with Gold” e ao programa “Games with Gold”, que é onde eu queria chegar.
Ele funciona assim: você tem uma seleção de 3 títulos, dois do Xbox One, que mudam a cada mês e um, quinzenal, do Xbox 360, disponíveis para download. Se você baixar, ele é seu para sempre, no caso do console mais antigo, ou enquanto você manter a assinatura, no caso do mais novo.
Por exemplo, depois de muita luta, o Castlevania Symphony of the Night esteve disponível aqui no Brasil. Se você baixasse até determinada data ele era seu, depois disso, o jogo muda e esse não está mais disponível. Complicado? Eu também achei. E mesmo assim ele custa R$30,00 por mês, ou um pouco menos se pegar o plano anual.
O Game Pass resolve parte dessa confusão ao simplesmente oferecer uma biblioteca de mais de 200 títulos, que você pode escolher e jogar à vontade, enquanto tiver a assinatura. No PC é a mesma coisa. Comprando separadamente, você pagar R$30,00 ao mês por cada um – ou R$13,99 com um desconto do período beta no PC. Só que, em nenhum dos dois casos você tem o Gold, necessitando de um pagamento a mais para jogar online no console.
Aí que chegamos finalmente no Game Pass Ultimate, que dá acesso à biblioteca do Xbox, do Windows, e a todos os recursos e benefícios do Gold de uma vez só, por uma bagatela de R$40,00, apenas R$10,00 a mais do que qualquer outra assinatura separada. É com ele ainda que você pode também ter acesso ao Gears 5 antes de todo mundo em Setembro. Todos os preços foram feitos justamente pra você ir direto para o Ultimate, já que até pra quem só tem o console vale pegá-lo.
Biblioteca de jogos
Até agora tudo bem, dei uma base de comparação, mas será que vale a pena? E para quem? Eu pensei em contar todos os jogos, mas o site da empresa é um pouco confuso. Dos 336 títulos listados, vários estão sendo contados duas vezes, outros não, e pode até ser que exista um bom motivo para isso, como falta de compatibilidade entre as plataformas. Só que o que realmente interessa é a quantidade de jogos únicos, e daria um baita trabalho te dar um número fechadinho de quantos realmente existem.
Então foquei nos jogos de PC, que é a minha atual experiência. São 120 jogos nessa plataforma contra 225 no console, contando os duplicados. Para exemplificar um pouco melhor o que isso quer dizer, decidi buscar esses 120 jogos e ir até o site HowLongToBeat para descobrir quantas horas de jogo em média eu tenho com esse pacote aí de R$30 ou R$40.
O resultado chegou perto das 1200 horas, contabilizando apenas as horas para acabar a campanha principal de cada um, sem possíveis adicionais e desconsiderando DLCs ou o tempo para pegar todos os troféus.
Dentro dessas milhares de horas de jogo você encontra títulos curtos como o Goat Simulator que dá para fechar em uma sentada só, um Undertale que pode demorar umas 7 horas, um domingão inteiro, ou até mesmo o Crosscode, um RPG de ação retrô que roda no meu PC de trabalho e que já me capturou por 16 horas, de um total de 31 horas no HowLongToBeat.
Tem também jogos indies mais recentes como Void Bastards, um que dá para acabar em menos de 10 horas ou o Wolfenstein 2, que tem um tempo parecido mas gráficos bem mais demandantes.
1200 horas parece um número meio surreal, então deixa eu trazer para o dia a dia. Se cada dia tem 24 horas e, no mundo ideal, dormirmos por 8 horas, sobram 16 horas para o resto. Se a gente só jogasse e dormisse, dariam 75 dias ininterruptos só de jogos por 30 reais.
Como ninguém quer morrer de tanto jogar, fui atrás do jogador médio. Segundo relatório da Limelight nomeado de “O estado dos jogos online em 2019”, que entrevistou mais de 4000 jogadores em 9 países, o tempo médio é de 7 horas e 7 minutos por semana, ou 30 horas mensais. Mais ou menos o que eu consigo aproveitar mesmo. Nesse caso, eu meio que gastaria 1 real por hora jogada e precisaria de 40 meses, ou mais de 3 anos para fechar tudo.
Claro que você não vai gostar de tudo que está lá, por isso, o catálogo fica se renovando. Todos os meses jogos entram e saem. Em 2019, tivemos uma média de 6 jogos novos entrando na plataforma e mais ou menos uns 8 saindo. Geralmente eles saem depois de pelo menos 4 meses a 1 ano na plataforma, com os jogos da própria Microsoft ficando infinitamente.
Ter mais jogos saindo do que entrando não é exatamente um bom sinal, mas tem muito joguinho de console que está saindo. Acho que estamos com novos entrantes melhores, maiores parcerias com estúdios indies de qualidade. Nos últimos meses tivemos até lançamentos ocorrendo direto na plataforma, como foi o caso do The Outer Worlds, Blazing Chrome e logo o Gears 5.
Se tirarmos uma média de 11 horas de jogo do catálogo que analisei anteriormente, é como se tivesse mais 60 horas opcionais, ou seja, quase que um loop infinito de jogos. Claro que, como eu já comentei, a gente não vai gostar de tudo, mas é um número interessante.
Vale a pena pagar mais?
Se você já tiver o Game Pass no PC, porque ter no console? Basicamente para ter mais jogos. Só é possível encontrar no Xbox One jogos mais relevantes e conhecidos como Monster Hunter World, Resident Evil 4, franquia Halo e Outer Wilds.
O contrário também acontece com The Messenger, um jogo que gostei bastante, Slay the Spire e Prey, que só estão presentes no PC. É questão de pesquisar o que você curte.
Aliás, deixa eu passar rapidamente pelo catálogo. Tal como no mercado de games em geral, temos prevalência de algumas categorias. Ação e aventura ganham disparado no número de títulos, seguidos por jogos de tiro e de estratégia e simulação. Jogos de RPG, que eu gosto, são um pouco mais limitados, mas ainda somos capazes de encontrar alguns indies recentes e de boa qualidade, o que me prendeu por bastante tempo no serviço nos últimos meses.
Quando um jogo sai da biblioteca, não existe alternativa, tem de comprar se quiser continuar jogando. Você tem 20% de desconto no preço da loja, mas tem umas regrinhas que não dá para acumular com outros descontos. O que geralmente acontece é que o jogo principal é de graça, mas as DLCs são pagas, então também te atrai para gastar um pouco mais.
Conclusão
Para ser bem sincero eu acho que o Game Pass está valendo sim. Apenas R$40,00 por mês para jogar em várias plataformas é um valor legal, mais que isso pode ser um pouco pesado, mas por enquanto está bom.
Sendo bem realista, eu andava animado para jogar alguns títulos indie no Nintendo Switch, e sei lá, cada um deles custava o dobro da mensalidade do Game Pass. Eu consegui jogar, largar, voltar e me divertir com bem menos remorso nos últimos meses no meu PC do trabalho, no PC gamer e quem sabe futuramente em um Xbox.
Com um preço fixo, isso abriu caminho para eu pegar só o essencial em outros consoles como o PS4 e Switch. Selecionar só realmente o que me importa bastante, porque se eu só quiser um joguinho de carro, tem por aqui, assim como um de tiro, e várias opções para eu jogar e cansar.
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