O Xiaomi Mi 6 foi um dos aparelhos que eu mais gostei de usar no ano passado. Focado em desempenho, essa linha da Xiaomi sempre tenta desbancar os flagships por um preço mais em conta.
No ano passado, dentre todas as característica de topo de linha, ficou faltando um cuidado maior com a câmera. Será que o Xiaomi Mi 8 conseguiu fazer o upgrade necessário para ser um flagship real?
Se o Mi 6 tentava descaradamente se parecer com um S8, o Xiaomi Mi 8 tenta se parecer com um iPhone X, como quase todo o mercado chinês.
Falo isso isso por conta do notch, da falta de saída de fone de ouvido, da câmera em pé, que é desnecessária, e do sistema operacional da Xiaomi que vem sempre muito parecido com o iOS. Pelo menos temos cópias de tudo que tem de bom lá no iPhone, a começar pelo acabamento impecável da empresa.
Design
O celular é todo em vidro, com poucas bordas e até que fino, com 7,6mm de espessura. Eu particularmente gostaria que tivessem copiado o botão de silenciar notificações que temos nos iPhone e no OnePlus, mas por aqui temos só os botões de home e volume.
Uma parte chata que também tem correlação com a Apple é a falta de espaço para expandir a memória interna, apesar de já termos a capacidade de colocar 2 chips por aqui e criar aplicativos separados para cada um deles.
Outro ponto é que apesar de termos dois entalhes adjacentes na parte de baixo do celular o som é mono e só sai por um deles. Ele é alto, mas o Galaxy S9 e iPhone 8 levam a melhor em qualidade de áudio, deixando mais equilibrado e fácil de ouvir as nuances do som.
Enfim, o corpo é bonito mas não tem nada de novo ou impressionante além da sua pegada fina e que pelo menos pra minha mão é um pouquinho maior do que precisava. Vocês sabem, eu sempre falo desse lance de pegada sob o meu ponto de vista, porque de novo, certeza que muita gente vai gostar.
Tela
Agora, a tela realmente impressiona com 6,21 polegadas e aproveitamento de quase 84%. Outra fator bastante positivo é que ela tem brilho acima dos 500 nits, competindo de frente com outros topos de linha.
Temos também o fato de que a tecnologia amoled utilizada permite não só modos semelhantes ao always on display pela primeira vez em aparelhos Xiaomi como entregam melhor contraste e ângulos de visão para o aparelho.
Tem gente que não gosta tanto da saturação acima da média desse painel. Eu gostei e digo mais. Apesar de ter um notch bem grande, o que limita um pouco o número de informações no topo da tela, a Xiaomi conseguiu implementar bem as funções do notch, que dá pra ser escondido.
A MIUI 9.5, baseada no Android 8, já vem há muito tempo copiando a interface da maça de uma boa forma, incrementando as opções do sistema, e com o Android P em vista trazendo atalhos até que semelhantes, eles basicamente estão se adiantando.
Software
Eu gosto bastante de recomendar aparelhos da Xiaomi porque eles geralmente são atualizados com maior frequência e o seu sistema apesar de um pouco mais pesado por conta do grande número de opções, sempre me agradou pelo design.
A atualização pode demorar, mas chega até pra modelos mais baratos e pouco tempo atrás tinha equipamento que não fazia divisão de tela. Mas enfim, atualmente é possível mexer em tudo quanto é coisa, adicionar aplicativos duplicados para se aproveitar dos dois chips, selecionar opções de gasto energético e por aí vai.
O multitarefa é bem bonito, as transições estão cada vez mais rápidas, e claro, diferente do S9 que tem seus engasgos por conta do sistema operacional, o Mi 8 conseguiu deixar o caminho livre para o hardware brilhar. E eu não estou de brincadeira.
Desempenho
Com um Snapdragon 845 e 6GB de RAM, com possibilidade de até 8GB na versão mais cara, o Mi 8 tem uma das experiências mais fluidas que eu já vi. É difícil algo travar e o gerenciamento de memória RAM vai muito bem.
Jogos rodam no máximo e sem engasgo algum, dificultando a tarefa de apontar um ponto fraco por aqui, mas nem deveria, já que esse é o melhor processador da Qualcomm.
Para não dizer que tudo são flores, o Spotify e outros players de música estão com um bug bem chato – se você tenta ver o que está tocando na barra de ferramentas ele fica preto. Se tentar fazer o mesmo na tela de bloqueio você não tem problema. O ponto positivo é que já deve estar corrigido até você ler essa análise.
Temos opções de 64, 128 e 256GB de armazenamento. Esse daqui tem 128GB e pelo que eu pesquisei a velocidade dos dois, de leitura e gravação são as mesmas, diferente do iPhone que dá uma capada no mais baratinho.
Reconhecimento Facial
Bastante gente me perguntou do desbloqueio facial. O Xiaomi Mi 8 usa uma tecnologia muito similar ao OnePlus 6 e ao Huawei P20 Pro. Eles fazem uma análise da face como um todo, com ajuda do infravermelho para situações com pouca luz e utilização da luz da tela para conseguir enxergar um pouquinho melhor se necessário.
O Mi 8 Explorer usa um sistema 3D mais confiável e complexo, enquanto o Mi 8 normal não tem esse senso de profundidade. De qualquer jeito precisaria de muito esforço para desbloquear seu celular.
Esse desbloqueio é tão rápido e tão fácil de ser ativado que me incomoda. As vezes eu nem estou olhando direto pro celular e ele desbloqueia. Muita gente pode gostar disso, mas naquele momento em que eu queria mudar de música na tela de travamento ele ficava desbloqueando.
Outro ponto de atenção para esse aparelho aqui são suas redes. Como estamos falando de um modelo chinês, a banda de 700MHz, que começou a ser utilizada pelo 4G de algumas empresas ainda não é atendida.
Isso é chato para usuários da Tim por exemplo, que ficam com sinal mais fraco de internet em algumas regiões que usam essa antena. Só que apesar de faltar a B28 que é essa de 700MHz ele tem a B3 e B7. E isso não foi incrementado na versão internacional não. Nesse quesito o OnePlus 6 leva a melhor.
Câmera traseira
Na traseira, temos um par de lentes de 12 megapixels, a primeira conta com abertura f/1.8 e estabilização ótica, enquanto a segunda tem abertura de f/2.4 e zoom de até 2x. Essas câmeras conseguiram 10t pontos lá no DxOMark justamente porque conseguem boa profundidade de campo, uma ótima faixa dinâmica – conseguida através do HDR que é bem rápido é boa definição.
O conjunto de câmeras é basicamente o mesmo do Xiaomi Mi 2S, então os avanços desse modelo aqui ocorrem principalmente em software.
Tem o modo AI que detecta o tipo de foto que você está tirando e faz ajustes. Paisagem, macro, baixa luz, todas as opções pré definidas são ativadas automaticamente e até mesmo ajustado conforme a situação.
Pelo que eu encontrei, são 206 presets no total. Mas eu devo dizer que achei algumas fotos tiradas pela AI bastante exageradas. Luzes brancas noturnas ficavam azuladas e alguns cenários saturados demais.
A lente de zoom quase não perde informação em boa luz, mas isso acontece em baixa luz. Não tem jeito, o segundo sensor costuma sempre ter uma abertura menor.
O modo retrato faz um recorte bastante preciso, até mesmo quando comparado com modelos como o OnePlus 6. Eu não sei se é por isso ou pelo excesso de desfoque no fundo, mas em alguns momentos a foto parece meio fake. Poderiam colocar um efeito mais suave.
Os vídeos na câmera traseira tal como no modo câmera tem um foco extremamente rápido mas ficam pra trás de outros flagships no quesito estabilização. Por isso mesmo a grande nota do equipamento no DxOMark é foto e não video.
Ela ainda sim é boa, até porque a estabilização ótica se aplica ao 4K, mas em 1080P se você mexer muito vai sentir aquele efeito meio de onda na imagem. Infelizmente a qualidade de captação do microfone deixou a desejar.
Câmera frontal
Na câmera frontal temos um sensor de 20 megapixels que eu estava bem ansioso pra testar, principalmente pra usar lá no IGTV.
A definição é excelente, mas eu achei que ela expõe excessivamente em alguns momentos, me deixando mais branco do que eu gostaria. Ainda preferi ela do que a de 8 megapixels do Galaxy S9 e eu preciso tentar usá-la com o aplicativo Google Camera pra tentar um melhor resultado.
Bateria
Gostei bastante da bateria do Mi 8 de 3400mAh, eu consegui ainda sobrar um pouco no final do dia mesmo com esse processador mais parrudo. No geral, eu consegui perto das 9 horas de tela, algo bem perto do Galaxy S9 Plus.
Apesar de suportar carregamento quick charge 4.0, ele vem com um carregador 3.0 que leva o aparelho de 0 a 100% em 1 hora e 35 minutos. 44% da bateria em 30 minutos.
Se você nunca usou carregamento sem fio nem vai prestar atenção nisso, mas se já está acostumado a chegar em casa ou no trabalho e colocar o equipamento em um suporte pra carregamento vai sentir falta. O OnePlus 6 também não vem com o carregamento sem fio, um ponto onde claramente preferiram economizar.
O Mi 8 usa também um sistema dual GPS e que utiliza informação de 3 constelações de satélites, a ideia é deixar ele preciso pra caramba, com margem de erro de 3o centímetros. Não precisava tanto, mas como os importados costumam pecar nesse quesito é válido ressaltar.
Conclusão
O Xiaomi Mi 8 é lindo, potente e com câmeras que me surpreenderam. Agora, ele deveria custar $421 dólares na China, ou o equivalente a isso, só que o preço que estamos encontrando nas principais lojas começa em 569 dólares para o modelo de 64GB.
A versão Explorer que não só tem seu fundo transparente como leitor de digitais na tela e um desbloqueio facial melhor está saindo por 800 dólares.
Nesse cenário, com o OnePlus 6 também em sua cola, o Mi 8 até que é competitivo, mas essa pequena variação no preço deve espantar muita gente.
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