Em um ano onde deveríamos ter apenas uma atualização, a Apple teve de se mexer um pouco mais e entregou não o iPhone 7S, como esperado, mas dois modelos – o 8 e o X.
Enquanto o X serve pra ser encarado como um celular do futuro, o flagship, topo de linha, tudo que há de bom da apple, que está 2 anos a frente dos outros smartphones e que claro, atraiu grande parte das atenções, o iPhone 8 chegou com pequenas atualizações incrementais e um papel extremamente importante para a empresa como um todo.
Primeiro porque se o iPhone X está dois anos na frente e tem esse “número” justamente para comemorar o aniversário de 10 anos do primeiro modelo fazendo uma mudança radical, o aparelho de “hoje” é o 8… e não o 7S.
Some isso ao fato de que os principais concorrentes lançaram a linha 8 esse ano. Galaxy S8, Note 8, Huawei Mate 10. Não cai tão legal parecer que você está uma geração atrás, né?
E por fim, temos a questão do preço… a Apple lançou um modelo em uma nova faixa de preço, perto dos 1000 dólares.. com isso, a faixa dos 800, que sempre ficava para o modelo mais novo do ano ficaria vazia sem nada.
Agora temos a conhecida escadinha de preços, X, 8, 7 e claro, se quiser gastar menos ainda, o iPhone 6S ainda está disponível e vende bem!
Design
Então beleza, eles precisaram que o modelo desse ano fosse o 8 e não o 7S, então porque não dar uma pequena repaginada nele? A apple é uma sacana que não paga designers e abusa do mesmo design por 4 anos seguidos? Bem, ela usa, mas isso está estritamente relacionado com a cadeia de suprimento deles.
Enquanto a samsung distribui suas vendas entre sei lá, 30 modelos diferentes que são fabricados por eles ou que são capazes de serem distribuídos por várias fábricas, a Apple vendeu 216 milhões de iPhones apenas em 2017. Onde que você acha um fornecedor que faça isso?
E depois que você acha, como que você troca o shape inteiro de um ano pro outro sem deixar esses 200 milhões atrasarem? Enfim.. o iPhone X já atrasou por causa de cadeia de suprimento, o 8 não poderia ser reformulado no mesmo ano para não ferrar com tudo, então sim… eu entendo as motivações da apple para manter um design pelo quarto ano seguido, apesar de não me impedir de criticá-la.
Eu quis contextualizar os motivos do lançamento do iPhone 8 sob o meu ponto de vista porque eu acho que ele será provavelmente o modelo mais mal compreendido até hoje! E eu vou mostrar o porque nesse review.
Como vocês devem ter percebido, o iPhone 8 é realmente igual ao 6, 6s e 7. Quer dizer, na frente tivemos uma evolução do leitor de digitais, que ocorreu no iPhone 7 e além de um design mais limpo na traseira, tivemos também a construção em vidro, que o deixou 10 gramas mais pesado além de bastante escorregadio, como era o iPhone 4 e 4S, que eu tanto gostei.
Tela
A tela de 4,7 polegadas me trouxe felicidade na ergonomia e um pouco de tristeza na hora de consumir mídia. Suas grandes bordas podem não trazer uma sensação de um S8 ou um iPhone X que parecem do futuro, mas o 8 é simplesmente consistente – é o que você espera e conhece de um celular, mas com um acabamento bem premium.
A tela aliás, sempre me surpreende. Não só pela qualidade de cores e contraste, mas por parecer realmente boa mesmo com uma resolução apenas HD. Não tenho do que reclamar aqui, até porque a taxa de brilho torna fácil usar o equipamento na rua tal como a maioria dos outros topo de linha.
A Apple ainda anunciou que do 7 para o 8 implementou o TrueTone, que regula o balanço de branco da tela para sempre entregar cores mais reais, mas eu sinceramente não senti muita diferença perante o iPhone 7, que já era bem bom neste quesito.
Bateria
A traseira em vidro traz um outro benefício legal além do lucro adicional para o pessoal que troca traseira de iPhones – o carregamento sem fio. E diferente de tudo que vimos até agora, a empresa adotou um padrão bastante conhecido, o Qi, usado por todos os outros aparelhos.
Em seu lançamento, o iPhone 8 recebia uma corrente de 5W através do carregamento sem fio, que foi incrementada para 7,5W no update do iOS 11.2.
Apesar de não ser muito, já está melhor que o carregador que acompanha o equipamento, com 5V e 1A. Aliás, está aí um ponto que me frustrou bastante: pela primeira vez temos carregamento rápido no iPhone, mas para conseguir um carregador de 29W, o mais simples dos rápidos e utilizado atualmente no Macbook Pro, você irá precisar desembolsar perto dos 200 reais. Uma opção é encontrar um carregador que tenha saída USB-c para usar a tecnologia USB-pd.
Apesar de tornar o aparelho bem mais útil, vale lembrar que equipamentos Android já tem isso há muito tempo e que apesar de o iPhone ter um dos melhores gerenciamentos de bateria em standby, se você já é mais hardcore ele não chega no final do dia, afinal a bateria continua com 1821mAh nesse modelo menor. Uma marca bem ruim quando comparado com o padrão de 3000 mAh dos modelos Android. A opção é pagar um pouco mais e pegar o modelo Plus, que entrega uma bateria ligeiramente maior.
Vale comentar que se ele lida até que bem com as tarefas no dia a dia, quando começamos a usar uma das principais features desse modelo aqui, a realidade aumentada, parece que você está sugando a bateria direto para um raio da morte, porque vai muito rápido, na boa.
Desempenho
Aliás, deixa eu aproveitar para falar disso. A Apple lançou o ARKit em 2017 e apesar de todos os modelos com iOS 11 terem recebido tal funcionalidade, o iPhone 8 foi o primeiro celular já pensado para tal função. Isso se deve principalmente ao seu processador A11 Bionic, também presente no iPhone X.
Para você ter uma ideia, os dados de benchmark mostram uma evolução de de pelo menos uns 30% ano a ano – uma evolução grande não só dentro do ecossistema apple como também uma boa evolução quando comparado com modelos Android a até mesmo notebooks.
Eu joguei The Machine, fiz algumas brincadeiras com aplicativos que aplicavam filtros e claro, fiz algumas medições que quando bem alinhadas eram bem precisas. O pessoal do Tecnoblog tem um vídeo falando só dos aplicativos mais interessantes de realidade aumentada também.
Um ponto interessante é que apesar de ter um processador bastante à frente da concorrência, o iPhone 8 conta com apenas 2GB de RAM – o 8 plus e o X contam com 3GB – tudo isso em um mundo rodeado de modelos topo de linha que começam em 4 e vão até 8GB de RAM.
De novo, vale lembrar que o iOS por si só faz um gerenciamento muito bom de seus aplicativos. Em comparativo direto com o S8, o iPhone 8 conseguiu manter até um pouco mais de aplicativos abertos que o celular da Samsung, tendo uma segunda volta de speedtest melhor.
O armazenamento interno pulou para apenas duas opções de 64GB e 256GB. Como nos últimos anos, parece que o modelo de 256GB tem níveis bem melhores de escrita, mas não tem uma diferença tão clara entre o iPhone 8, 8 Plus e X, é mais entre o modelo básico e o com 256GB. A Apple não deixa isso claro, mas já faz vários lançamentos em que acontece.
O chato é que como sempre, não é possível adicionar memória adicional através de microSD. Você vai ter de gastar uma fortuna mesmo comprando o modelo mais caro.
Câmera traseira
Agora, vamos falar de outro avanço bastante esperado: as câmeras. Apesar de manter o mesmo sensor e abertura, 12 megapixels com f1.8, a Apple investiu pesado em um melhor processamento, principalmente em baixa luz. Os resultados são perceptíveis quando comparado com o iPhone 7 e claro, com concorrentes diretos.
Como sempre, as fotos tiradas com o iPhone 8 possuem menos contraste e cores que os concorrentes, entregando, por outro lado, um alcance dinâmico maior – o que ajuda bastante em edição posterior. Mas nesse ano parece que sim, temos um pouco mais de saturação do que antes. O que já deixa as fotos um pouco mais fáceis de serem usadas sem nenhuma edição.
Eu fiquei impressionado com a nitidez de algumas cenas em boa luz onde eu não esperava dar zoom e encontrar alguns pontos ainda visíveis. O iPhone 8 pode não ter tantas inovações como o X ou o modo retrato do 8 Plus, mas é uma das melhores câmeras atualmente por um preço mais baixo que dos modelos que acabei de citar. Temos ainda o fato de que aplicativos como o Instagram se aproveitam melhor do iOS.
Em vídeo o iPhone 8 também não faz feio. Ele consegue gravar em 4k 24, 30 e 60 frames, um diferencial para smartphones e até mesmo para cameras DSLR. Eu gostei da qualidade da gravação quando comparado ao S8, mas a estabilização apesar de bem boa no iPhone 8 é melhor no modelo da samsung, para dar um exemplo claro.
No Pixel 2, temos uma estabilização melhor ainda. Mas poxa, com um estabilizador e todos os recursos disponíveis do iPhone dá para fazer um estrago dos grandes, principalmente por conta desse lado de dar um pouco mais de opções na gestão de cores posteriormente.
Câmera frontal
A câmera frontal manteve as mesmas configurações do modelo de 2016, com pequenos incrementos no seu processamento. Eu particularmente não gosto do tom avermelhado e quente que a câmera do iPhone oferece, mas é bom saber que ela grava vídeos em 1080p pelo menos. A qualidade é bem aceitável e se você está querendo usá-la para Instagram e Stories, não tem jeito, o aplicativo é bem melhor otimizado para a plataforma iOS, então vai sair legal.
Falei e falei, mas o iPhone 8 vale realmente a pena? Sim!
Conclusão
Ele é certamente um dos melhores smartphones lançados até hoje, já que alguns dos principais problemas foram resolvidos ou incrementados. O processamento e câmera traseira estão incríveis, a tela se manteve bem bonita e o armazenamento inicial de 64GB faz muito sentido.
E poxa, sinceramente? Não me senti mal de ter um aparelho que parece de 4 anos atrás. Talvez se você estiver comprando o iPhone 8 no final de 2018 ou em 2019 você comece a sentir mais, mas ele ainda está atual em suas características e bem mais barato que o iPhone X.
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