O Xiaomi Mi 10 5G é um dos novos aparelhos topo de linha da fabricante e talvez com talvez o melhor custo benefício. Por isso mesmo, além de ser um dos primeiros Snapdragon 865 a ser lançado no mundo, o Mi 10 é também uma iteração mais focada no necessário e não em extravagâncias como um S20 Ultra e acaba saindo bem mais barato. Será então que a linha M10 consegue se destacar? É o que vamos descobrir no review de hoje.
Xiaomi Mi 10 5G
- Processador Snapdragon 865
- 128GB/256GB com 8GB/12GB de RAM
- Tela: Super AMOLED de 6,67″ de 90Hz (1080 x 2340px)
- Câmera principal: 105MP (f/1.7) + 13MP (f/2.4) + 2MP (f/2.4)
- Câmera selfie: 8MP (f/1.9)
- Bateria: 4780 mAh
- Android 10.0
Construção
O Xiaomi Mi 10 5G chegou junto do Mi 10 Pro 5G, e sim, o “5G” acabou ficando atrelado ao nome do aparelho. Aliás, eu disse “chegou”, mas na verdade ele não veio para o Brasil, pelo menos até o dia em que estamos lançando esse review. Então uma das únicas formas é importar, o que está sendo um pouco mais difícil atualmente.
Ainda assim, vale a pena ficar de olho nesse equipamento, já que pelo menos em acabamento, esse modelo está muito bem, e devo dizer que pelo menos o corpo tem bastante cara de um celular premium, feito para durar.
Ele tem as bordas em metal, com a traseira de vidro, e câmeras dispostas num formato bem parecido com o próprio Mi 9, sem cooktops, peças de dominó ou coisas do tipo – É um simples e singelo “i” de ponta cabeça, que não tem uma cara tão futurista, mas muita gente prefere.
Uma das coisas que eu não prefiro aqui é a tela curvada, que, assim como eu comentei algumas vezes, já cansei. Não me leve a mal, ela dá um charme ao aparelho, e certamente é responsável pela impressão premium que o Mi 10 passa, só que já é meio que unanimidade aqui no estúdio que ela mais atrapalha do que ajuda.
Ela distorce um pouco as imagens da tela, deixa as capinhas ainda mais feias que de costume, e, o pior, é super fácil de clicar acidentalmente no canto, principalmente se você está assistindo algo no modo de paisagem, e acaba pulando ou acelerando o vídeo sem querer.
Fora isso, a tela está muito boa, e com uma bela novidade, agora o Mi 10 utiliza um painel de alta frequência, chegando em 90 Hz. Ele funciona relativamente bem, apesar de não ser tão fluido quanto o sistema da OnePlus, e a resolução também é limitada ao FullHD, enquanto que outros aparelhos dessa faixa de preço costumam trazer o QuadHD.
A ausência da resolução maior não é um problema, mas a tela de alta frequência é uma moda que começou a pegar e que me deixa muito feliz. A verdade é que depois da adoção dos paineis AMOLED, as telas pararam de evoluir, então é legal finalmente ver um avanço nesse campo.
Fora isso, o Mi 10 finalmente tem um conjunto estéreo de alto falantes. A qualidade sonora pode não ser tão boa quanto em outros aparelhos premium, mas já é uma bela evolução para a Xiaomi, que quase sempre economiza nessa questão. O Mi 10 também não possui entrada para fone de ouvido, mas essa eu acho que todo mundo já esperava.
Desempenho
Em questão de memórias, o Mi 10 repete o Mi 9, com opções de até de 12 GB de RAM e entre 128 e 256 GB de armazenamento, sem a possibilidade de expansão com um cartão externo, como é costume para os aparelhos da Xiaomi.
Por conta disso, parece pouco ter apenas 128 GB num aparelho topo de linha, principalmente porque até pouco tempo parecia que toda nova geração ia duplicar esse valor. No entanto, na prática, não é tão fácil encher esses 128 GB, mesmo se você deixar o download automático do whatsapp ligado, e 256 GB já é aquele valor ideal para quem gosta de salvar bastante coisa.
Partindo para o desempenho propriamente dito, o Mi 10 oferece tudo que você espera de um aparelho topo de linha de 2020. Nos testes sintéticos, o Snapdragon 865 fica à frente dos Exynos da Samsung e dos Bionics da Apple, se estabelecendo assim como o chip mais forte do momento. No entanto, o uso para toda essa velocidade acaba sendo bastante limitado.
O sistema do celular costuma ser bem otimizado até mesmo nos aparelhos mais baratos, e mesmo a tela de 90 Hz não oferece tanta dificuldade assim, pois ano passado já tínhamos aparelhos nessa frequência que eram perfeitamente fluidos.
Nos jogos, raramente você encontra algo pesado, e provavelmente ele é pago, pois os gratuitos querem rodar até no Galaxy J8, que é mais ou menos a potência da maioria dos celulares. E nem mesmo os aplicativos profissionais, de produtividade e tudo mais, que realmente são mais pesados, não são tão mais exigentes assim para justificar o chip mais forte.
No final, a única fonte que poderia desenvolver algo que utilizasse mais desse novo Snapdragon seria a própria Xiaomi, investindo em tecnologias paralelas auxiliares, parecidas, por exemplo, com o Samsung Dex ou com a integração do ecossistema da Apple, que envolvem muito mais do que apenas ter um processamento rápido.
Só que, por enquanto, essa não parece ser uma prioridade da marca, então podemos dizer que a principal evolução, para você levar um Mi 10, em vez de um Mi 9, é no processamento de imagens, ou seja, fotografia.
Câmera
A lente frontal do Mi 10 possui 20 megapixels, e na traseira você encontra um conjunto triplo, com a lente principal de 108 megapixels, a ultrawide de 13, macro de apenas 2 megapixels e o sensor de profundidade.
As selfies tem um pós processamento bem pesado, não só no embelezamento, que felizmente você consegue desligar, mas também no HDR, deixando a saturação das cores bem alta, quase ignorando fontes mais fortes de luz.
Comparando uma foto normal com uma no modo retrato, você nota bem a diferença que ele dá na foto, inclusive, não é totalmente errado você desligá-lo para conseguir uma foto mais equilibrada, caso você não esteja contra a luz ou numa situação difícil assim.
Por outro lado, a falta de um modo noturno para a câmera frontal complica bastante a situação das selfies em baixa luz. Ela fica com o típico excesso de chiado e a nitidez é nula, infelizmente chega quase num ponto onde deixa de ser utilizável.
Partindo para a fotos traseiras, a saturação é ainda mais exagerada, praticamente inventando tons de cores em lugares que não existe, mostrando que já passou da hora dos aplicativos incluírem uma configuração de HDR, para gente conseguir controlar os brancos estourados sem deixar o céu quase aquarelado.
Ainda assim, muita gente vai preferir a foto assim, e a qualidade realmente é boa, com bom contraste e rica em detalhes, graças, em parte, a tecnologia quadpixel, transformando a imagem de 108 megapixels em uma de 25.
Você também tem a opção de 108 MP, só que como de costume, você perde praticamente todas as funcionalidades de inteligência artificial com o modo ligado. Ela é um pouco melhor para dar zoom, mas a perda do HDR pode ser problemática em algumas situações, então é necessário pensar bem antes de escolher esse modo – Ou simplesmente tire uma foto no modo normal e outra no modo 108 megapixels, depois você vê qual você prefere.
Ainda com a câmera principal, você tem acesso ao modo noturno, que consegue deixar as fotos bem iluminadas e com um bom contraste. Porém, o resultado dele não é tão diferente assim das fotos nos modos normais e de 108 megapixels, principalmente se a luz ainda estiver suficiente, então pode ser que muitas vezes você nem precise mudar de modo.
Nas fotos ultrawide, você perde um pouco de contraste, mas no geral a foto ainda é muito boa, com as mesmas cores exageradas, ótima nitidez na maioria das situações, e com pouca distorção, quase confundindo o resultado final com as fotos da câmera principal, desde que o ambiente esteja bem iluminado.
O único ponto negativo é na câmera macro. Ela não é ruim, só que o resultado se aproxima mais de uma câmera de um celular intermediário, gerando uma discrepância muito grande entre as fotos aqui e com as outras lentes, o que dá a impressão delas serem ainda piores.
Temos novidades também nas filmagens, pois o Mi 10 também filma em 8K. E, assim como foi no S20, aqui também ele é praticamente inútil. Um conceito interessante mas que ainda não está pronto para ser um diferencial real do aparelho.
É legal ele finalmente aparecer, mas se a gente tem dificuldade para filmar nessa resolução em câmeras profissionais, imagina aqui. Provavelmente vamos precisar esperar mais umas duas gerações até termos um aparelho com um 8K usável, mas até lá, ele só serve para decorar a caixa do celular.
Bateria e sistema
Para ser justo, existe outro campo onde o chip mais moderno faz diferença: no consumo de energia. Primeiro, no carregamento mais rápido do que o usual, que para uma bateria de 4780 mAh pode realmente fazer a diferença.
Em consumo, a tela de 90 Hz até poderia atrapalhar, mas, lembrando, o sistema é inteligente e diminui a frequência quando ela não é suportada, o que faz com que o Mi 10 seja um dos poucos aparelhos que consomem menos energia no YouTube, do que numa planilha de Excel.
Com isso em mente, o consumo ficou bem abaixo da média, bem próximo dos aparelhos com baterias de 5000 mAh, o que provavelmente garante um dia e meio de uso, principalmente se você diminuir a frequência da tela para o padrão 60 Hz.
E para fechar, o Mi 10 não veio com a interface nova da Xiaomi da caixa, o que me decepcionou um pouco, mas tudo bem, já que a Mi 11 é bem completa, e é muito provável que ele esteja no primeiro lote assim que a interface finalmente for liberada oficialmente.
Em questão de conectividade, eu nem comentei muito sobre o fato dele ser 5G, porque essa rede ainda não chegou no Brasil, e depois de tudo que está acontecendo, é bem provável que demora ainda mais. Ainda assim, ele tem suporte às bandas utilizadas pelas principais redes de internet móvel 4G aqui, além de todos os sensores de navegação, bluetooth 5.1, e suporte a redes Wi-Fi de 5 GHz.
Conclusão
O Mi 10 5G, trouxe algumas melhorias interessantes esse ano, quando comparado com praticamente qualquer topo de linha da marca do ano passado, como tela de 90 Hertz, ótimas câmeras, bateria acima da média – que ficou ainda mais acima da média quando comparado com o MI 9 -, e claro, carregamento sem fio e som surround.
É legal ver a Xiaomi evoluindo nesse ponto, mas a verdade é que o Mi 10 virou um flagship de entrada, o único problema é que quando você soma a instabilidade do dólar, com as dificuldade atuais de importação e a taxação certeira dele, o preço acaba num patamar altíssimo. Acima mesmo do Galaxy S20, que está desesperado para ser vendido por aqui e que anda com alguns bons descontos.
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