O Galaxy S20 Ultra é o que há de melhor em celular Android até o momento, ou pelo menos precisa ser, já que é o não dobrável da Samsung mais caro até agora. Será que a empresa consegue te convencer a desembolsar a grana, ou melhor dar entrada em uma casa própria? É o que vou tentar te responder com esse review.

Samsung Galaxy S20 Ultra
- Processador Exynos 990
- 128GB/512GB com 12GB de RAM
- Tela: AMOLED de 6,9″ (1440 x 3200px)
- Câmera principal: 108MP (f/1.8) + 12MP (f/2.2) + 48MP (f/3.5) + VGA (f/1.0)
- Câmera selfie: 40MP (f/2.2)
- Bateria: 5000 mAh
- Android 10.0
Smartphones não precisam trazer grandes revoluções todos os anos, faz tempo que a gente sabe disso, mas quando uma marca faz o “bafafá” que a Samsung vinha prometendo e ainda sobe os preços dos seus equipamentos, é realmente necessário trazer algo novo.
Depois de um upgrade bem interessante da linha 9 para a 10, a Samsung fez questão de quebrar a série de grandes mudanças e pequenos upgrades alternados e lançou o S20, que é basicamente uma nova geração de verdade. Ou pelo menos é assim que a Samsung quer que a gente pense ao mudar algumas coisas por fora e alguns conceitos de produto.
Acho que vale dar ênfase no fato de que mais do que nunca, a Samsung tem investido em fabricar componentes e vender para outras empresas. Então as principais diferenças que veremos por aqui em câmera, tela, bateria, conexão e até mesmo no processador são pontos que a Samsung fez para movimentar mercado e não só para deixar os seus usuários felizes.
Design e tela
O ponto mais aparente da mudança visual desse aparelho é claramente o jogo de câmeras, que virou o dominó, cooktop ou qualquer outro nome que você queira dar.
Huawei fez isso no começo do ano passado, Apple optou por um módulo até que similar para que todas as lentes ficassem perto uma da outra e a Samsung não quis ficar de fora.
Esse módulo é bem mais interessante por aqui, com duas camadas a mais do que no Galaxy S20, mas simplesmente ficaram com preguiça de fazer todo o resto ou achar uma cor que preste para o aparelho.
O iPhone 11 Pro é mais sóbrio, mas dava para terem sido mais criativos do que preto e cinza. Aliás, ter é melhor que não ter, mas a capinha de plástico que vem na caixa do S20 Ultra não chega aos pés dos mais de 7 mil reais que você irá pagar nele. Ela nem precisava ser transparente, já que a traseira é bem sem graça. Uma capinha melhor e fosca como a que apareceu no Xiaomi Mi Mix 3 faria mais sentido.

O que essa capinha traz de interessante no entanto, é que passa um pouco da tela, deixando o celular bem mais protegido. O acabamento Gorila Glass 6 promete riscar do mesmo jeito que o 5, mas ser mais resistente em quedas, principalmente nas quinas, então você tem meio que uma ajuda dupla.
Além disso, com essa borda da capinha mais saltada, a tela do S20 Ultra fica basicamente reta, me lembrando muito a experiência com qualquer Galaxy A51 ou S10 Lite lançados recentemente.
Para fugir um pouco da concorrência que vem trazendo cada vez mais modelos topo de linha com telas curvas, a Samsung reduziu a curvatura de seus próprios modelos, um movimento no mínimo interessante, já que logo mais devemos ter as telas waterfall que vão justamente no sentido contrário.
A tela de 6,9 polegadas é muito do que a gente já viu no Galaxy S10: amoled, compatível com HDR10+, resolução máxima QuadHD de 3200 por 1440px, brilho pra caramba para sair na rua, cores saturadas que vão te impressionar, e claro, a frequência de 120Hz que é o grande diferencial.
Com relação ao brilho, ele tem basicamente os mesmos valores do S10, que são quase iguais ao iPhone 11 Pro Max, e o S20 Ultra consegue superar isso por mais ou menos 10%. Acho que o aumento de brilho máximo está mais relacionado com bateria do que com a tela por si só. Apenas o Oppo Reno 3 Pro que tem atualmente tela tão brilhante quanto essa.

Tela linda e com menos borda ainda, além de terem reduzido o notch. O S20 Ultra fez questão de evoluir em várias frente só no display, mas os ganhos começaram a ficar marginais, e é isso que a gente irá ver daqui para frente.
Para fechar um pouco mais da construção, temos o carregamento sem fio atualizado para até 25W, NFC, IP68 igual todos os últimos modelos. Vemos também a manutenção do som estéreo na mesma qualidade que a linha anterior, e infelizmente, a retirada do P2 tal como no Note 10+. O aparelho tem também basicamente o mesmo tamanho que o último modelo da linha Note, mas é um pouco mais espesso e pesado.
A pegada é facilitada pela proporção de tela, que agora é de 20:9, e claro, pelo ângulo um pouco menor tanto da tela como da traseira. O que mais incomoda mesmo é o quanto ele esquenta e eu acho que já está na hora de começarmos a falar dessa polêmica.
Desempenho e hardware
Os Estados Unidos receberam o S20 com o Snapdragon 865 e basicamente o resto do mundo terá a versão com o Exynos 990. Esse chipset da Samsung é basicamente pior que o Snapdragon em várias frentes e em outras é só meio ruim mesmo. O Galaxy S20 com Exynos não parece um topo de linha de 2020.
Para começo de conversa, vamos dar uma olhada em benchmarks. Neles, o Antutu acusa valores entre 550 mil e 568 mil pontos para o Snapdragon, enquanto o Exynos teve uma volta de 513 mil pontos. Conforme eu fui rodando novos testes em sequência, esses valores caíram para 486, 455 e 463 mil pontos, respectivamente.

O One Plus 7T com o Snapdragon 855+ já conseguiu números um pouco melhores que essas rodadas ruins do S20 Ultra, e o Matheus já confirmou no comparativo entre o S10 e S20 que o modelo do ano anterior é mais estável no seu desempenho.
O que eu estou tentando falar aqui não é que o S20 Ultra é ruim, mas o modelo com Exynos 990 claramente tem de ser mais barato que o Snapdragon porque é pior. Precisa também receber um update para segurar um pouco no calor.
Mas isso não quer dizer que ele é ruim. Afinal, se no ano passado já era bom e o desempenho conseguiu ser superior, está ótimo. Com 12GB de RAM no modelo base e 16GB no modelo testado por nós, consegui resultados bem legais tanto na hora de editar vídeos no Premiere Rush quanto no DeX, que poxa, está cada vez melhor. Quem dera se a Samsung investisse mais nele.

Também é possível, através desse grande valor de memória RAM, deixar até 5 aplicativos suspensos, ou seja, mesmo que você saia e volte e mude para outros apps, eles nunca sairão da memória RAM. Interessante, mas exige que você faça essa escolha manualmente.
Aliás, isso é padrão, mas eu vou reclamar. Topo de linha da Samsung tem apenas 2 anos de atualização, então você começa a ser forçado a fazer upgrade daqui um tempo. Por outro lado, eles gostam de mandar funcionalidades novas para modelos antigos, então o Single Take e o modo Pro, diferenciais da linha S20 agora estão no S10 e Note 10.
Câmeras
Esse é provavelmente o maior diferencial do Ultra quando comparado com o modelo normal. Para resumir, a única câmera que se mantem igual é a Ultra Wide de 12MP e o sensor time of flight de profundidade presente no S20 plus. De resto, tudo sensor diferente.
Vamos começar falando então dos 108MP da câmera principal. Como sempre, esses valores enormes de megapixels não são utilizados a todo momento. Esse sensor é um tetracell, que consegue pegar os 108 megapixels e usá-los de diferentes formas dependendo da luz.
No geral, o resultado é uma foto de 12MP com resultado similar de definição que modelos com um sensor desse tamanho oferecem, mas como o sensor é maior, ele consegue levar a melhor em baixa luz, mesmo em vídeos, onde a evolução foi maior.
Mais do que melhorar fotos no geral, esse sensor deixou ele mais estável em várias situações de luz. Outro ponto que muita gente reclamou, mas que é uma característica desse tipo de sensor maior é a sua menor profundidade de campo, que acaba por desfocar áreas um pouco mais afastadas do foco.
Se por um lado era justamente isso que a gente procurava no modo retrato e no modo de vídeo, para parecer mais com câmeras DSLR, por outro o foco é mais difícil e os cantos da foto ficam estranhos.
Para quem quer exatamente esse efeito, o modo PRO ajuda, mas para video é complicado, já que não temos todas as mesmas ferramentas disponíveis nativamente.
O S20 Ultra é realmente mais “pro”, já que exige que você tenha mais cuidado para a foto não ficar desfocada quando comparado com o S20 Plus, que é tipo clicar e pronto, mais confiável.
Outro diferencial do modelo Ultra é que com essa lente de 108 megapixels tem a opção de usar até 3,9 vezes de zoom com esse sensor e depois pula para o telephoto de 4 vezes que tem um resultado bem legal. Chega em 5 e até 10 vezes de zoom muito bem.
Acho que junto da gravação em 8K, falar que o S20 Ultra tem 100x de zoom é puro marketing, já que são duas funções que sinceramente são inúteis. De novo, até 30x as fotos são “usáveis”, depois é basicamente um aquarela, mesmo em ótima luz. Se a Samsung tivesse dito que 30x era o máximo e que 100x estava ali só para alguma ocasião, legal, mas o resultado é horrível.
A lente ultrawide, aliás, recebeu um upgrade legal e vai muito melhor agora em média luz. Em boa luz a câmera do S10 já era legal, mas faltava estabilidade em outras situações, coisa que alcançamos aqui.
Na frontal, também temos uma pequena evolução quando comparado com o modelo Plus. Apesar do sensor quadpixel de 40MP entregar fotos na mesma resolução de 10MP do modelo mais barato, temos um pouco mais de definição e resultados melhores também em média luz por conta dos pixels maiores. A diferença é bem sútil, mas agrega a essa camera que já era bem completa.
Temos vídeo em 4K a 60fps disponível, modo de câmera lenta com a frontal, o modo de desfoque em vídeo que muda para 1080P e os stickers AR. Não é um salto enorme nem o avanço em HDR que eu gostaria que tivesse, mas já é uma câmera bem competente e completa.
Com relação a vídeo, eu já comentei um pouco das capacidades de cada lente, e olha, se você tentar gravar com cada uma delas separada, o resultado é bastante completo. O problema continua sendo transitar entre câmeras durante a própria gravação. Coisa que até hoje apenas o iPhone faz bem. Por aqui, a cada troca de lente, parece como se ela tivesse sido ligada pela primeira vez, ajustando foto e exposição.
Tudo isso acontece em 4K, já que em 8K a gravação serve apenas para a lente principal. Ela te dá uma sensação de estar meio gelatinosa durante a gravação, mas depois de gravado o resultado está bem legal e estabilizado.
Como sempre, o problema do 8K é que ele não adiciona tanto assim para pesar 800MB por minuto. As fotos tiradas enquanto se grava saem bem, e não, não dá praa editar videos em 8K no celular. Você precisa transformá-lo em 4K antes de seguir em frente. Na boa, o 8K do S20 é ruim por usar o sensor telefoto, mas por aqui é bem mais interessante.
Os sensores mais adaptados a baixa luz também fazem um modo de hyperlapse noturno e gravações em baixa luz melhores, funções essas que só se saíam bem nos modos de câmera das gerações anteriores. Ter uma ajuda de captura de luz no sensor ajuda a melhorar essa parte de forma nativa.
No fim, o S20 Ultra não é disruptivo, mas um celular bastante completo em câmeras e que tem suas peculiaridades – como a profundidade de campo menor e o foco um pouco pior. Sinto falta do modo Instagram e do modo Pro para vídeo, mas a Samsung ainda se sai bem no primeiro quesito e dá para baixar alguns aplicativos por fora no segundo.
Bateria
O Exynos 990 consegue ficar atrás em todos os benchmarks que o Snapdragon e ainda sim gastar mais bateria. A gente comentou: ele esquenta e passa a gastar mais com o tempo. Isso faz com que mesmo com seus 5.000mAh de bateria, o S20 Ultra gaste perto de 20% em 1 hora de Arena of Valor com o 120Hz Full HD ligado, e mais de 10% apenas com o YouTube rodando.
Deixar a tela em Quad HD com 60Hz traz um benefício para a bateria, mas deixar em 60Hz com 1080P é ainda melhor e faz com que facilmente o S20 Ultra chegue a mais de um dia de uso.

Ele vai até que bem com seus 5.000mAh, mas ficou abaixo do que eu esperava depois de usar um Mi Note 10, que com o seu Snapdragon 730G consegue aguentar bem mais.
Pelo menos temos um carregamento de 25W na caixa que leva o aparelho de 0 a 100 em 1 hora e possibilidade de carregá-lo com 45W. A diferença nao é tanta, pulando de 60% para 70% de carga em 30 minutos.
Um ponto legal do carregador que vem na caixa é que é possível compartilhá-lo com o Macbook Air ou vice versa. Como na geração anterior, o S20 Ultra consegue carregar outros equipamentos sem fio e aprimorou a velocidade do seu próprio carregamento em bases sem fio.
Conclusão
O Galaxy S20 Ultra é um aparelho que trouxe evoluções super legais, mas que contou mais história do que realmente justificou o motivo de ter chegado com o preço mais alto da linha S da Samsung.
O modelo com Snapdragon é interessante, mas o com Exynos está bem capado. O que não faz dele ruim, mas apenas parelho com outros modelos bem mais baratos.
As câmeras trazem avanços incrementais legais e melhoram bastante em foto e vídeo em média e baixa luz. O zoom é bem legal e uma real evolução. Mas a pouca profundidade de campo pode pegar de surpresa desavisados que terão fotos desfocadas.
Gostei do S20 Ultra e quero usá-lo para fazer alguns vídeos pessoais, mas é muito complicado mesmo, sequer tentar, recomendá-lo pelo preço. Tal como sempre foi difícil falar de iPhone.
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