O G8S ThinQ é o topo de linha da LG, de tela única, com aquele pequeno toque de inovação, que a marca não deixa de ter. Tentando se recuperar de uma geração que realmente não impressionou, e com especificações um pouco reduzidas para o mercado brasileiro, será que o G8S finalmente chega como uma opção para o mercado brasileiro que está cada vez mais competitivo?
LG G8S ThinQ
- Processador Snapdragon 855
- 128GB com 6GB de RAM
- Tela: OLED de 6,21″ (1080 x 2248 px)
- Câmera principal: 12MP (f/1.8) + 13MP (f/2.4) + 12MP (f/2.6)
- Câmera selfie: 8MP (f/1.9)
- Bateria: 3550 mAh
- Android 9.0
Preço de tabela: R$ 4.299,00
EXTRA PONTO FRIOPode-se dizer que o G8S é a experiência padrão de um topo de linha da LG. Desempenho, construção e câmeras, quase tudo o que tem de melhor na marca até o momento está aqui. Quase, já que o G8X aderiu a moda do flip de uma forma um pouco diferente e aproveitou para fazer um upgrade da câmera de selfie para 32 MP. Mas como esse é um aparelho que chegou com um preço quase proibitivo, deixa eu voltar para essa opção um pouco mais “custo beneficio” que é o G8S.
Construção e tela
Ele certamente é um aparelho bem equilibrado, e segue uma linha bastante parecida com o LG G7 do ano passado. É feito em vidro, bem fino, com bordas de metal e ainda traz a certificação militar, um atestado de resistência que dentre as marcas mais populares, apenas a LG traz. Isso significa que, além dos testes padrões contra água e poeira, o G8S foi submetido à uma série de situações extremas, e aprovado.
Vale lembrar que ele ainda é um aparelho de vidro, e que se cair no ângulo certo, vai estilhaçar como qualquer outro, mas provável que continue funcionando. Gosto do esforço da LG nesse quesito.
Além de resistência, outro pilar da LG que continua verdade para o G8S é a importância do áudio. São dois alto falantes localizados nas extremidades do corpo, e de alta qualidade, que o destacam no mercado, com exceção de alguns poucos aparelhos premium como Galaxy S10, iPhone 11 e ROG Phone 2.
Por aqui, eu só senti um pouco a falta dos agudos, e no volume máximo você consegue perceber que o áudio fica mais estourado. Então, ele acaba sendo melhor para músicas com o baixo mais evidente e menos instrumentos. De qualquer forma, já é mais do que eu espero de um smartphone.
Nós temos fones de ouvido de ótima qualidade na caixa – outro ponto alto. O som é bem definido e encorpado, firmando a LG como melhor escolha para quem quer extrair o máximo no quesito música.
Falando da tela, temos aqui a G-OLED, a resposta da LG ao AMOLED da Samsung. O painel tem 6,2 polegadas, boa qualidade, suporte ao Dolby Vision, HDR10, mas ficou faltando o HDR10+ que o concorrente oferece.
A resolução do G8S também é menor, apenas Full HD, numa faixa de preço onde é bem normal encontrar aparelhos 1440p. Curiosamente, o primeiro modelo do G8S lançado lá fora no começo do ano, já trazia a resolução maior. Deixando meio difícil entender o motivo para o corte. Tudo bem que quase não dá pra notar a queda na qualidade, mas vira uma questão de posicionamento da marca.
Diferencial
O destaque desse aparelho não se deve apenas pela qualidade do áudio, mas também da maneira que você o controla. Os Air Motions buscam alterar a forma que você interage com seu smartphone, parecendo algo tirado do filme do “Homem de Ferro”.
Infelizmente, minha experiência com ele tem sido bastante ruim. A ideia de usar um conjunto de sensores 3D para ler e mapear a sua mão é legal, mas são poucos gestos disponíveis, e a usabilidade é ainda menor.
Você basicamente tem 3 possibilidades: abrir um dos dois aplicativos salvos nos atalhos, pausar ou dar play numa música ou vídeo, e ainda controlar o volume, efetuando um movimento circular. O problema é que você faz muito pouco, e tudo de uma maneira demorada, bem inferior ao controle por voz.
Os sensores 3D, apelidados pela LG de câmeras Z, também possibilitam o desbloqueio de tela pelas veias da sua mão, que compõe, junto do leitor de digitais e de face, o chamado Multi-ID. Mas a leitura da palma é meio que só uma firula, já que não é muito prática e ainda é demorada.
O que salva a tecnologia é o aumento na acurácia do leitor facial durante a noite, dispensando jogar uma tela branca super brilhante na sua cara, que alguns Androids tem utilizado e que é uma alternativa bem desconfortável. Se não fosse isso, os sensores novos seriam completamente dispensáveis.
Algo que continua aparecendo e que eu também dispensaria é o botão para o Assistente do Google. Infelizmente, ele não é remapeável, dá para desativar por completo, mas aí você fica com um botão inútil. Algo parecido com a chave para ativar o modo não perturbe como acontece no OnePlus e iPhone, algo que seria mais bem vindo.
Não gostei também da realocação do botão ligar/desligar para uma posição mais alta que o S10. No Samsung já era ruim, e no G8S fica ainda pior para alcançar com a mão esquerda de uma forma confortável. Até dá para se acostumar, mas o aparelho não é dos menores e faria mais sentido deixar mais centralizado para facilitar o uso.
Desempenho e bateria
Já no hardware, ele cumpre todos os requerimentos. Snapdragon 855, que é o chip mais potente da Qualcomm no ano, junto de 128 GB de armazenamento e 6 GB de RAM. Vai aguentar absolutamente tudo que você jogar nele, e ainda sobrar.
Boa parte da sua experiência por aqui é consequência da interface utilizada, e é verdade que a LG precisava modernizar um pouco o seu sistema. Navegar pelos menus de configuração não é uma tarefa ágil, e a quantidade de aplicativos pré instalados chega a incomodar.
Se pelo menos eles ficassem escondidos na bandeja de aplicativos, seria um problema menor, mas você precisa ativar esse “recurso”, e para piorar, ele não aparece se você deslizar o dedo para cima, sabe-se lá por que optaram por essa complicação.
Felizmente um desses aplicativos, o ThinQ, é até que útil, caso você tenha vários produtos da LG na sua casa. O ecossistema da empresa tem crescido, acompanhando as tendências de IoT do mercado de tecnologia.
A bateria de 3500 mAh foi mantida, mas o carregador baixou de 21 W para 18 W quando comparado com o G8. Não é uma baita de uma mudança, até porque a carga completa do G8S passa a ser de 1 hora e 50 minutos.
O consumo também é moderado, só que no contexto dos topos de linha, ele até que está razoável. Apenas filmagens que realmente aquecem o aparelho e levam a bateria embora, mesmo gravando em 1080p.
Câmera
O conjunto de câmeras é até que bom, mas fica claramente atrás das marcas que investem pesado nesse quesito. Aliás, o G8S tem pequenos downgrades quando comparado com o G8 – sem o S. Ele mantém o mesmo número de sensores, mas tirou o pé da qualidade e abertura de cada um deles.
Na frontal, o sensor possui apenas 8 MP, só que o valor baixo engana, já que as fotos tem boa definição, um balanço legal de cores e um pós processamento sem exageros. O único problema é o HDR mais limitado em cenas contra a luz, e uma perda leve dos detalhes em fotos mais escuras.
Para gravar, não temos o 4K na frontal, mas a boa estabilização mais do que compensa a falta dessa resolução.
Nas traseiras, encontramos o bom e velho conjunto triplo, com principal de 12 MP, zoom também de 12 MP e grande angular de 13 MP. A distância para o iPhone e Galaxy fica menor, mas ainda não é completamente eliminada. Para compensar, ele joga as cores lá em cima, ficando bem forte e, dependendo do seu gosto, mais bonita.
Um ponto forte é o aplicativo de câmera, trazendo o revolucionário botão para gravar, sem precisar mudar para um modo específico. Em vídeos, além de gravar em 4K a 60 fps, ele também possui o desfoque em vídeo, que ainda é um recurso no começo da vida, e não fica tão bom, tem que pegar a manha de usar.
Ele traz também vários recursos até que úteis, para você brincar na hora de tirar uma foto. Dentre eles, o smart selfie recorta uma selfie e aplica sobre o fundo de uma foto da traseira. Outro modo legal é a foto tripla, que já captura a cena com as 3 câmeras mais ou menos de uma vez, para você não ter que escolher qual delas usar.
Para completar, o G8S traz também o modo visão noturna. Você não precisa ficar tanto tempo segurando, o que acaba atrapalhando na exposição, mas mesmo assim ela vai bem. Está longe do topo, mas é melhor que nada.
Conclusão
A história para esse aparelho é bem parecida com a geração passada. O G8S é um aparelho bem legal e completo, mas que fica à sombra dos concorrentes, principalmente por conta do único diferencial ser o Air Motion, que não é algo que atraiu tanto o público e pelo fato da empresa teimar em não trazer algo mais barato já que ela não tem um diferencial.
Não é a primeira vez que a LG inova simplesmente por inovar, sem uma usabilidade real, e não vai ser a última, já que o G9 provavelmente terá algo novo e esquecerá o Air Motion, como já fez com o resto.
Se o G8S seguir a linha dos modelos anteriores, daqui alguns bons meses seu preço cairá vertiginosamente, ficando longe de concorrentes diretos, e nesse cenário será uma opção legal para aqueles que não se importam de ficar com um software um pouco desatualizado e que gostam da interface da LG.
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