Nos últimos tempos eu venho tentando passar uma parte do meu fluxo de trabalho para um setup mais mobile. Já transitei por alguns tablets Android, o Dex da Samsung, tablets importados Windows e claro, chegou a hora do iPad.
Essa hora só chegou porque a 6ª geração do equipamento está com um bom preço inicial e com incrementos de configuração que me agradaram. O iPad com toda certeza não é um aparelho de entrada, mas será que vale a pena?
Design
Acho que a forma mais fácil de começar esse review é falar que o iPad 2018 é exatamente como o de 5ª geração, que tem muita coisa do anterior e por aí vai.
O layout no geral basicamente não mudou nos últimos anos e do ano passado pra cá mexeu só uma vírgula. As medidas são as mesmas, a traseira em alumínio se mantém a mesma e claro, temos o leitor de digitais de qualidade na parte frontal.
Tal como o iPhone 8, temos pelo menos 4 gerações de produto com o mesmo design que ainda faz sucesso. Para mim, essa diferença importa mais no mundo dos smartphones, onde marcas como Samsung estão trazendo designs mais interessantes nos últimos anos e fechando o cerco com relação a desempenho e câmeras.
Tela
No mundo dos tablets não tem nenhum modelo “diferentão” ou que tenha saído dessa forma padrão que ainda são tablets. O próprio Galaxy Tab S3 tem quase que as mesmas medidas do iPad de 9,7 polegadas que temos por aqui.
Acho, inclusive, que esse é um tamanho confortável para trabalhar, ler, dividir tela em dois e levar para tudo quanto é lugar. E putz, a tela é bonita demais também!
Eu devo dizer que mesmo já tendo experiência com modelos como o Tab S3 que tem resolução 2048 x 1536px, o iPad me surpreendeu com também seus 2048 x 1536px, que combinados com uma ótima qualidade de cores e bom nível de contraste, me fizeram questionar o Samsung P575M, tablet Full HD que comprei por uns 300 reais a menos no meio do ano passado.
Ainda na tela, vale comentar que ela utiliza tecnologia IPS e que não houve melhora alguma, nem em balanço de branco como a apple quis colocar no iPhone 8.
A experiência com a tela do iPad sempre foi boa, e tirando a taxa de atualização de 120 hertz do modelo Pro, esse iPad aqui não fica para trás. Você pode gostar mais do Super Amoled do Tab S3, mas não vai sentir falta de nada.
Som, bateria e software
Algo que ele é “ruinzinho” mesmo é no som, já que além de só ter saídas na parte de baixo – facilmente tampadas – as caixas são meio fracas.
Nesse quesito tanto o Tab S3 quanto o Lenovo Tab4 8 Plus vão melhor que o iPad. Mas pera aí, porque tem um ponto que eu acho que o iPad ganha e muito dos modelos Android.
Certamente não é a velocidade de carregamento, já que os 8.000mAh de bateria demoram mais de 3 horas para chegar ao 100%, mas pelo menos temos realmente 10 horas de uso e é realmente mesmo!
Aliás, o standby do aparelho também me impressionou, dá pra deixar a semana inteira encostado e chegar pra usar e ele ainda estar disponível.
Mas o que importa pra mim mesmo é o software – esse sim é o grande diferencial.
O Android basicamente esqueceu de continuar desenvolvendo para tablets. Os aplicativos são basicamente portados de celulares para uma tela maior. O Android evoluiu muito, mas simplesmente ainda não é pra tablets.
Isso sem falar no fato de que a maioria dos tablets não tem atualizações de software constantes. O aplicativo do Estúdio do Google, por exemplo, onde eu respondo o comentário de vocês só funciona na vertical no Android.
Alguns aplicativos só funcionam no próprio iPad por interesse dos desenvolvedores, já que claro, o iOS é mais rentável.
Conectividade
Aliás, deixa eu aproveitar para comentar sobre como eu transformei ele em uma estação de trabalho.
A primeira coisa que eu preciso na minha rotina diária é responder emails e usar aplicativos de comunicação como Telegram, Slack e afins.
Todos estão presentes, mas eu tive bastante problemas pra conseguir fazer um teclado ficar com as teclas corretas no Android, necessitando baixar aplicativos adicionais e quebrar um pouco a cabeça.
No iPad, a transição foi super rápida. Instalei o teclado e ele respondeu prontamente, então ponto para ele. E apesar das correções de texto serem chatas no começo, parece que ele aprende melhor com o tempo.
Depois, eu preciso escrever os roteiros com várias abas em paralelo para pegar informações. Apesar do Android fazer o mesmo de forma muito boa, o iPad tem esse novo dock e área de trabalho através de gestos que facilita bastante a transição e a escolha de aplicativos.
Existem algumas situações onde eu preciso copiar links ou fazer trabalhos com mais precisão, coisa que vai muito bem através de um mouse – possível de ser conectado à maioria dos tablets Android através de Bluetooth ou cabo OTG – mas estranhamente o iPad não tem um software de ponteiro.
A empresa fala que todos os seus aplicativos devem funcionar de forma nativa ao toque, mas vai tentar recortar uma foto ai na mão pra você ver.
Aliás, deixa eu aproveitar para falar da minha terceira necessidade: montar miniaturas para os vídeos!
No Android eu não consegui achar nenhum aplicativo que me deixasse recortar e adicionar novas layers como o Photoshop no desktop.
No iPad, apesar de também ser difícil de encontrar algo parecido, temos o Affinity Photo, que por R$65 traz uma experiência bem parecida.
A interface vai bem no touch, mas só se torna realmente efetiva se você tiver a Apple Pencil para mexer nos detalhes e não precisar ficar dando zoom toda hora.
Não chega a ser meu trabalho mas temos aplicativos de música sem atraso tanto para gravar, como processar e tocar ao vivo no iPad, coisa que não aparece no Android por limitações técnicas, então sinceramente, em versatilidade ele também me serviu melhor.
Um ponto chato nos dois tipos de equipamentos é que não é possível assistir ou ouvir mais de uma coisa em conjunto, e os 32GB de espaço interno limitam bastante algumas tarefas.
Em tablets Android é muito fácil você conseguir um cabo OTG e fazer as transferências, no iPad nem tanto. O cabo é mais caro e você vai precisar de um USB ou um HD que tenha energia própria.
Por outro lado, é bem fácil comprar um cabo que transfere o conteúdo do iPad pra TV, mas sem um mouse, você não consegue deixar ele longe de você, o que limita um pouco o iPad para apresentações e não para trabalho em si.
Desempenho
Para fechar, eu preciso também de joguinhos para conseguir sobreviver apenas com o iPad e não faltam opções nele – além de indicações na App Store. E nesse ponto vale comentar: que desempenho hein?
Temos um processador A10, similar ao presente no iPhone 7. A apple promete até 40% de incremento em desempenho quando comparado com o A9 do iPad do ano anterior.
Em comparação direta com o Snapdragon 820 presente no Galaxy Tab S3, o tablet Android mais potente no Brasil, o iPad consegue um incremento bem parecido, já que atingiu 178 mil pontos contra 130 mil do Snapdragon em benchmark.
Eu vou dizer que no dia a dia você não sente, mas é sempre bom saber que você tem um processador mais potente.
Tem também o fato do iOS lidar bem com o gerenciamento de memória RAM, afinal, temos apenas 2GB nesse modelo, assim como no iPhone 8.
Conclusão
Consegui substituir grande parte do meu fluxo no iPad, principalmente por conseguir usar o Affinity para thumbs, mas a falta de mouse atrasa alguns tipos de trabalhos, ou seja, só mantive ou ganhei produtividade na hora de escrever e me comunicar.
Sabendo disso e que qualquer iPad dos últimos anos faria exatamente igual, vale a pena comprar o iPad 2018?
Além do processador e da capacidade de usar a Apple Pencil, presente até então apenas no iPad pro, ele não tem nada de novo comparado ao modelo do ano passado, apenas o design da traseira.
No mercado, você vai ver o 2018 saindo de 300 a 500 reais mais caro. Isso vale 40% a mais de desempenho no longo prazo? Depende pra quem.
Júlia diz
Adorei a análise. Me ajudou a decidir a compra. Você poderia, por favor, me falar qual é seu tecladinho? Nesse só funciona o Bluetooth né? Estou com dificuldade de achar um. Obrigada :)