O Xiaomi Black Shark é a opção mais barata de um “smartphone focado para jogos”. Com isso em mente, ele tenta solucionar problemas de jogatina comuns em smartphones sem acrescentar muita coisa, afinal, não poderia ficar caro. Sabendo disso, vale a pena pegar um celular gamer como esse ou focar em um comum?
Design
Logo que você olha para o Black Shark, já nota que esse não é um aparelho só para ver stories no Instagram, vídeos no YouTube e mandar gifs no ZapZap com a melhor velocidade possível. Ele realmente quer mostrar que seu foco é inteiro para games.
Apesar de não ter luzes LED como seus principais concorrentes, o principal diferencial é o joypad bluetooth, que fica montado do lado esquerdo, lembrando metade de um PS Vita, e claro, sua traseira com estilo bem exagerado, combinando partes de plástico e de alumínio para chamar atenção de todo mundo que bater os olhos nela.
Verde é bom, mas vermelho ia ser chamativo pra caramba e completar o “kit completo gamer super irado”. A pegada é legal e adição de uma “moldura” de plástico que ajuda à acoplar o joystick foi um ponto que achei interessante por proteger o celular um pouco mais e ainda sim ser ergonômico.
Mas não é só carcaça que é extravagante não, para tentar trazer algum diferencial real para esse aparelho, que mantém o mesmo processador de vários outros topos de linha, a Xiaomi tentou melhorar o desempenho ao implementar um sistema de resfriamento líquido avançado, que já vamos comentar mais para frente.
Som e funcionalidades
Eles colocaram uma aplicação boa que corta todos os outros aplicativos e te dá uma interface meio de console que também já vamos falar sobre. Os alto falantes são estéreo e de boa qualidade, e está aí uma coisa que “acertaram” porque é muito fácil tampar a saída embaixo do celular ao jogar.
Razer e ROG colocaram os alto falantes frontais justamente por isso, e olhando só de fora, sem testá-los, parece que eles também vão melhor nesse quesito. Mas o Black Shark está bem aceitável.
O que me incomodou no entanto foi a falta de uma saída P2. Fico curioso pra saber qual a desculpa deles, mas pelo menos na caixa já vem um adaptador USB-C/P2 pra você perder por aí e ter de comprar outro.
É claro que tal como outros aparelhos lá da China focados em custo, ainda faltam algumas funções nele para poder ser chamado de um verdadeiro top de linha em todas as frentes. O desbloqueio é feito só por leitor de digitais, ele não tem carregamento sem fio e falta também certificação IP68.
Tirando esses detalhes, eu gostei da sua construção, ele é fino e sua pegada é confortável, toda a textura traseira dá uma “pegada”, o que é importante para um smartphone que quer ficar na sua mão por horas e horas.
Na caixa vem uma capinha vazada, que serve para dar suporte para o joypad e parece dar um pouco mais de resistência também, porém seu tamanho é um pouco maior graças às bordas da tela serem grandes. Suas 5,9 polegadas acabam ficando com as mesmas dimensões do Galaxy S9 Plus, que tem 6,2 polegadas.
Além disso o painel é feito com tecnologia LCD IPS, seu brilho forte e as cores são boas, mas nada muito sensacional. Não dava para um celular desse preço ter uma tela ruim. E diferente dos concorrentes gamers que tem uma maior taxa de atualização, por aqui só o padrão mesmo de 60Hz.
Diferencial “gamer”
Seu Joypad é uma solução que eu, sinceramente, não achava que seria muito boa, pensava que os controles seriam estranhos ou que não ia ter muita diferença, mas meus amigos, como eu estava errado! Começando a falar dele pela parte externa, na parte superior você encontra 2 botões num estilo gatilho, um direcional no meio e a entrada USB-C na parte inferior para carregar.
Como ele se conecta por bluetooth, conseguimos parear com qualquer outro celular, mas sem o software da JOYUI que simula os cliques na tela ela se torna inútil. Isso faz com que esse acessório seja compatível com quase qualquer jogo, desde que ele tenha um controle direcional no lado esquerdo, como acontece no PUBG, Arena of Valor, Ultimate Tennis, FIFA, praticamente todos RPGs, todos da Sega e provavelmente emular qualquer jogo dos handhelds antigos.
A ideia é que todos os jogos deveriam funcionar, mas tem alguns que não fazem diferença usar o joypad ou não, como Harry Potter e Mortal Kombat que são mais “point and click” ou o Unkilled e o Implosion que teimam em achar que esse é um controle mais tradicional e mudam a configuração para esperar comandos de variados botões e não apenas do direcional.
Outro ponto importante, como já tinha abordado anteriormente é o fato de que na lateral do Black Shark você encontra o “Shark Key”, que não necessariamente aumenta o desempenho, mas te desliga do mundo. Ao colocá-lo para cima, o celular limpa a memória e desabilita as chamadas, além de te mandar para uma tela especial com a lista de todos seus jogos instalados.
Você encontra também aqui algumas customizações interessantes, a capacidade de visualizar estatísticas de tempo gasto jogando e checar bateria do controle.
A interface da JOYUI também ativa um centro de controle ao deslizar o dedo para baixo no botão frontal/sensor de digitais. Com isso você abre mais algumas opções, a primeira chamada “gamepad” mostra um gamepad virtual e te permite fazer aquele mapeamento que comentamos anteriormente.
Como comentei alguns jogos foram bem, mas eu tive dificuldades com Real Racing e Asphalt, que usam uma técnica diferente para controlar o carro. Implosion e Unkilled, que apesar de serem parecidos com Arena of Valor, teimam em configurá-lo como um joystick normal e bagunça tudo.
Desempenho
Esses incrementos de software são ajudados pelo fato do Black Shark rodar tudo. O Snapdragon 845 é o melhor chipset atualmente e desenvolvedores não fazem nada que vá além dele.
Jogar na qualidade mais alta e por muito tempo costuma aquecer bastante os aparelhos, e por aqui apesar de não ser incômodo ele sim acabou por esquentar. Não fica claro se isso afeta o desempenho, já que os números de benchmarks mostram uma falha no multi-core da CPU, o que deixou o Black Shark para trás do OnePlus 6 e extremamente parelho com outros modelos que não tem esse foco em performance mas também utilizam o 845.
Outro ponto importante para um gamer é o tempo que ele consegue ficar ligado, e a solução aqui foi incluir uma bateria de 4000 mAh que consegue se manter com a tela ligada por quase 10 horas. Para ter uma ideia melhor, testamos o consumo médio de vários jogos diferentes, todos nas configurações mais altas possíveis.
Outro ponto interessante é que ele tem suporte para fast charge, recuperando 100% da bateria em 2 horas e chegando acima de 50% em 30 minutos.
Vale comentar que apesar do primeiro Black Shark já ter sido lançado há mais de 6 meses, foi apenas recentemente que o equipamento ganhou uma ROM Global, e claro, um sucessor, por que claro, a Xiaomi adora lançar coisa nova.
Isso é importante porque grande parte das vantagens desse aparelho estão na JoyUI, que agora foi totalmente traduzida do chinês. É um português perfeito? Nem perto disso, mas pelo menos não precisa mais ficar chutando o que cada opção faz.
Câmera traseira e frontal
Para finalizar eu deixei o menos importante para o final: as câmeras. As specs são até que boas, mas a Xiaomi tem a mania de exagerar na pós produção. Em fotos, você observa uma perda de definição por conta disso, além de deixar a cara bem branca e as cores bem vivas, longe da realidade.
Em vídeos ele não tem nenhum recurso especial e a resolução chega até 4k, porém somente gravações em 720p conseguem mais de 30 frames por segundo.
Acho que dá pra resumir que a Xiaomi se preocupou em colocar uma câmera boa mas sem grandes ambições, e como o público desse aparelho não costuma se importar muito com isso, achei que o resultado final ficou melhor do que o esperado.
Conclusão
Em resumo, devo dizer que como um celular de 500 dólares o Black Shark é exatamente o que eu esperava, um 845 com um controle acoplado, mais potente e barato que um Moto Z3 Play com controle adicional, mas também menos efetivo que um OnePlus 6 com um controle separado de boa qualidade.
Diferente dos outros modelos gamers que tem diferenciais claros quando comparados com os celulares por assim dizer “normais”, o Black Shark não entrega muito mais, qualquer outro modelo com um joypad teria uma performance bem próxima.
De qualquer forma, dentro da sua faixa de preço o Black Shark me surpreendeu, tanto no software e joystick quanto no desempenho. Eu sinceramente preferia a MIUI com mais esses adendos e não esse Android limpo, mas, tem a versão global, tem agora em português e isso que importa.
José diz
Vocês poderiam testar se o gamepad funciona no PÉS 2019?