Os celulares da OnePlus sempre foram chamados de flagship killer por entregar grande parte do que um topo de linha tem por um preço bem mais em conta. O OnePlus 6 chegou com a tarefa de estreitar ainda mais o espaço contra os grandes, principalmente em câmeras, mantendo o preço ainda competitivo. Será que ele conseguiu?
Design
Pra começar, o OnePlus 6 não deve nada pra ninguém em construção, acabamento, caixa ou qualquer outra coisa externa. Ele tem traseira de vidro, é firme, tem botões que passam confiança e uma pegada um pouco curvada e que junto com a letra e interface, sempre me fazem imaginar que esse é um smartphone magro. É essa palavra mesmo, magro! É uma sensação de pegada e uso mesmo.
O leitor de digitais meio achatadinho é certamente melhor que um redondo no contexto desse aparelho e os diversos tipos de acabamento que passam desde o vidro preto como esse daqui, preto fosco e branco são de bom gosto para mim.
Bonitão pra caramba, e melhor ainda, tem entrada P2, uma característica que eu prezo bastante nos aparelhos atuais. O problema é que por debaixo das especificações ficam faltando 4 pontos que alguns flagships já trazem.
O primeiro deles é a falta de IP68 ou resistência à água e poeira. Depois, ficou de fora o carregamento sem fio que eu particularmente já acostumei. Se você nunca usou talvez não sinta falta, mas se já equipou sua casa com alguns sensores, vai ser difícil voltar atrás.
Apesar do preço bem em conta para pegar uma versão de 128GB, é chato não ter a possibilidade de expandir a memória interna, o terceiro “downgrade”. E para fechar o som dele é mono e sai apenas pela parte de baixo do aparelho que é bem fácil de ser tampada e a qualidade é bem ok.
E se eu comento sobre essas 4 características não é para colocar o OnePlus 6 pra trás, já que para conseguir melhorias em todos esses quesitos você teria de pegar um Galaxy S9, que sim, está saindo mais caro. A ideia aqui foi tirar tudo que era custo a mais e que não era relevante para entregar velocidade.
Desempenho
E isso ele tem, já que OnePlus 6 é basicamente um dos celulares mais baratos com Snapdragon 845, perto do Xiaomi Mi 8 e do Asus Zenfone 5Z que já dá para ser comprado nacionalmente. O foco por aqui é velocidade e para isso a empresa não só aplicou mudanças pesadas em transições, como implementou uma otimização para performance.
Outro ponto essencial para ter uma boa experiência é o fato da OnePlus ser uma das empresas que atualiza mais rápido o sistema, mantendo também atualizações de segurança mensalmente e para modelos anteriores.
Todos os componentes colaboram para a velocidade, entregando ótimas velocidades de leitura e gravação, e com o tempo alguns outros analistas estão comentando que o OnePlus 6 mantém sua velocidade mesmo depois de alguns meses de uso.
Aproveitando que estamos falando de software, deixa eu comentar algumas funções já inclusas. Os novos gestos ainda não são tão intuitivos mas já adicionam um pouco mais de espaço para a tela onde eram os botões de atalho. O aparelho deve receber o Android Pie na frente, junto com alguns outros modelos, e então esse ponto deve melhorar um pouco.
É possível desenhar letras para abrir aplicativos com a tela desligada, ativar o modo jogo para não ser incomodado, usar o modo leitura e iniciar o OnePlus switch para transferir todas as suas configurações de um celular para o outro – nada que outros fabricantes não venham fazendo. Faltou de falar da bandeja de recomendações e funções que aparece quando você puxa para a esquerda na página inicial – bem mais útil que a Bixby.
A ideia do software não é lotar de opções não, mas a maioria das coisas já supre a maioria dos usuários. Com um valor mais baixo do que um flagship da Samsung ou Apple você consegue também um aparelho que pode começar com 6GB de RAM e 64GB de armazenamento ou 8GB de RAM e 128GB de armazenamento, que é o que temos aqui e que sinceramente além de ir rápido, mantém bem os aplicativos em segundo plano. Coisa que é quase um dever com esse tanto de ram, né?
Com isso, quando você coloca OnePlus 6 frente a outros equipamentos com 845, percebe que o tempo de abertura é bastante similar. O S9 Plus por exemplo dá uma engasgada logo que você clica, principalmente em jogos para ativar o game launcher, por exemplo. Eles acabam por sofrer um pouquinho mais na hora de fazer a segunda volta onde alguns aplicativos voltam a ser reiniciados. É por isso que comentam do OnePlus 6 ser rápido.
Tela e bateria
Ah, e tem o lance da tela, né? Apenas Full HD para economizar, com um brilho bem alto, boas cores e tecnologia amoled, notch e 6,2 polegadas. Um padrão muito bom, ícones já adaptados, e sinceramente, usando o Galaxy S8 e S9 você geralmente vai jogar a tela para HD, então acho que essa é a melhor configuração sem firulas.
Mas tudo isso não valeria a pena se a bateria fosse horrível, né? Com 3300mAh eu consegui ali perto das 6 horas de tela com o OnePlus. Isso dá mais ou menos um dia de uso com até um pouco de sobra, mas não muita. O importante é o dash charge que carrega os 60% iniciais da bateria em 35 minutos. É realmente muito rápido e até te deixa mal acostumado.
Câmera traseira e frontal
Agora está na hora de falar de câmeras, uma das evoluções mais esperadas. A traseira é dupla e conta com um sensor principal de 16 megapixels e abertura f/1.7 com estabilização ótica. A segunda câmera é de 20 megapixels com mesma abertura, mas o máximo que você consegue de resolução são os mesmos 16 megapixels.
Falando da principal, você consegue um resultado muito bom em boa luz, conseguindo por vezes uma extensão dinâmica melhor do que o Galaxy S8, por exemplo. Temos boa nitidez, cores um pouco mais saturadas, balanco de branco um pouco mais neutro e tendendo um pouco para o azul, e claro, várias funções, que é o que me agrada mais.
É possível fazer zoom ótico de 2x, modo retrato, slowmotion Full HD com 240 frames por segundo e todo o resto que a maioria dos outros celulares fazem. Eu acho isso interessante como uma troca pelo fato de alguns aparelhos topo de linha irem melhor em baixa luz.
E não é que o OnePlus 6 vai mal não, ele granula um pouco mais do que a média e perde um pouco de cor, mas ainda é a melhor câmera que temos por esse preço, afinal, o modo retrato faz um recorte muito bom e com um blur um pouco menos forçado. Essa é uma questão subjetiva, já que tem muita gente que prefere o recorte mais forte do Mi 8, mas eu não sou uma delas.
A estabilização em vídeo é boa e novamente ainda fica um pouco atrás dos flagships. Como eu acabo usando o DJI Osmo Mobile 2 para fazer vídeos onde eu espero uma melhor estabilização, isso não importou muito para mim. De novo, 4K 60 frames e 1080p em 240 são bem legais.
Agora, é a câmera frontal que tem um diferencial claro. Com 16 megapixels e abertura f/2.0, é possível obter resultados quase de uma câmera traseira com ele, que está bem otimizado para o Instagram e que não te deixa tão branco como o Mi 8 teima em fazer.
É realmente legal ter uma câmera frontal melhor para nós produtores de conteúdo e o único ponto bom e ruim é a parte de vídeo. Apesar de muito bem estabilizado, o crop é grande e você vai ter de esticar bem o braço para fazer uma cena mais aberta. Estou encomendando uma daquelas lentes olho de peixe para celular para tentar resolver isso, mas no geral é bem legal conseguir gravar bem com ela.
Faltam opções de configuração no software da OnePlus, bem como microfones externos não são reconhecidos nativamente e é necessário usar o open camera. Com isso você consegue uma imagem um pouco mais aberta, mas menos estabilizada.
O modo retrato também está presente na frontal e é bom. Ele ainda erra alguns cabelos mas é bom, não tenho muito o que reclamar. Com mais resolução também fica mais fácil ter um desempenho melhor nesse quesito.
Conclusão
O equipamento conta com NFC, um bom GPS e pega todas as bandas brasileiras. Sabendo que o Mi 8 ainda está apenas com a rom chinesa e que geralmente falta a banda B8 nele, o OnePlus 6 é uma opção bem mais interessante para os brasileiros, principalmente aqueles que não querem instalar coisa por fora.
Adoro o botão lateral que silencia tudo. Muito útil e parecido com o que aparece no iPhone.
O OnePlus 6 é um celular muito, muito bom, mas que peca em alguns detalhes. São esses detalhes que o deixam mais barato, e sinceramente, ele é o melhor custo beneficio na faixa dos 500 dólares ou via importação um pouco acima dos 2 mil reais.
As câmeras até por uma melhor adaptação ocidental vão melhor do que o Xiaomi Mi 8 e a entrada p2 junto com o carregamento extremamente rápido são grandes diferenciais.
A única forma de não recomendar o OnePlus 6 é você precisar de alguma função específica presente nos flagships atuais. Mas se você curte, topa e sabe dos riscos de importar, vale bastante a pena.
Lainert diz
O aparelho é top demais apesar de faltar algo exencial que é o rádio ! A única reclamação de importar é a taxa da alfândega que é um absurdo além de pagarmos o olho da cara demora 500 anos pra ser entregue !
Eu tive que pagar 500 reais de alfândega ! Absurdo !