Lançamentos da linha Moto G sempre levantam discussão. Eles são um dos modelos mais vendidos aqui no Brasil e o pessoal adora comparar e incomodar ressaltando como os aparelhos importados trazem mais por menos. Que tal colocar um dos mais vendido do Brasil contra um dos mais vendidos dos últimos tempos na China? O Xiaomi Mi 8 Lite, que vem fazendo alegria dos “minions” será páreo para o Moto G7 Plus?
Design
Seguinte, vou começar falando de construção. Basicamente eles tem a mesma qualidade, mas com características próprias. Ambos possuem traseira em vidro, com bordas de alumínio, e até um tamanho meio parecido. O que muda mesmo é a pegada. Enquanto que o Mi 8 Lite é mais quadradão, o G7 Plus tem as costas arredondadas, lembrando um Galaxy S9 da vida.
Esse é um fator que costuma pender um pouco para o lado das grandes marcas em vez dos chineses, mas dessa vez a Xiaomi conseguiu um aparelho que, pelo menos, parece ser bem resistente.
Em quesito tela, os dois aparelhos também são bem semelhantes. Ambos utilizam tecnologia IPS LCD, contam com proporção 19:9, tamanho entre 6,2 e 6,3 polegadas e possuem entalhes para as câmeras frontais. A diferença está nos entalhes. Enquanto o do Moto G7 Plus é em formato de gota e bem menorzinho, o do Mi 8 Lite ocupa um pouco mais de espaço.
Essas duas características ,construção e tela, têm poucas distinções técnicas, então eu acho que dependem do seu gosto pessoal. Para mim, o corpo e as cores do G7 Plus – azul e rubi – são mais bonitas, mas sei lá, cansei de usar celulares com chanfros traseiros, então a “quadradeza” do Mi 8 Lite me deixou mais interessado nos últimos tempos.
Ainda do lado de fora, você encontra o primeiro fator com diferenças quantificáveis entre os dois aparelhos. O conjunto estéreo de alto falantes da Motorola não é dos melhores, mas é um belo salto quando comparado com o mono fraco e sem definição do Mi8 Lite. A Xiaomi dificilmente investe em falantes potentes, já que nem os topos de linha da marca trazem algo muito melhor que esse daqui.
A ausência de entrada P2 e de algum software de melhoria de áudio também ajudam a deixar a marca como uma opção secundária para quem prioriza qualidade de som no celular. O adaptador p2 para USB-C pode ser encontrado na caixa, mas achei desnecessário entrar nessa onda de tirar um recurso que não precisava ter ido embora.
Outro problema é a capinha ruim que acompanha o Mi 8 Lite. Ela não tem sustentação nenhuma e espanou com pouco tempo de uso, como aconteceu no nosso Pocophone F1 que tinha uma capinha bem parecida com essa.
Aliás, aproveitando que estamos falando de acessórios, nada de fone de ouvido para o modelo importado – um corte de custo clássico dos modelos chineses.
Desempenho
O que você ganha com essas limitações que falamos até agora? O Mi 8 Lite é equipado com o Snapdragon 660, que de acordo com o teste de benchmark Antutu, ficou certa de 20% a frente do Snapdragon 636, utilizado pelo Moto G7 Plus.
Vale lembrar que o Mi 8 Lite tem uma versão com 128 GB de armazenamento e 6 GB de RAM o que o coloca um pouquinho mais a frente, já que seus componentes, diferente de outras marcas baratinhas, tem boa qualidade.
Ao jogar PUBG no celular da Motorola ficamos limitado as configurações mais baixas, enquanto que no Xiaomi dá até para arriscar aumentá-las para a alta, sofrendo pouco com lag. Para abrir apps também é notável uma diferença de velocidade, o que impacta também quem não utiliza o celular como uma plataforma de jogos. Então sim, Mi 8 Lite é mais rápido e potente, mas o G7 Plus roda tudo numa boa.
Câmera traseira e frontal
O que você não ganha com esse processador mais forte é uma melhoria no processamento de imagem, o 636 e o 660 utilizam o mesmo Spectra 160, mas o Mi 8 Lite traz sensores mais completos. A câmera frontal conta com 24 megapixels, que além dessa resolução altíssima, realça os detalhes e deixa a foto menos saturada que no sensor de 12 megapixels do G7 Plus.
O HDR de nenhum dos dois impressiona, mas a exposição do Motorola está mais controlada. É preciso levar em conta também o fator Xiaomi no pós processamento das selfies, que deixa a cara branca e maquiada, o que acaba diminuindo a nitidez do seu rosto.
Na traseira é o G7 que ganha na resolução, são 16 contra 12 megapixels, ambas com um segundo sensor para desfoque. Por aqui as fotos continuam mais saturadas no G7 Plus, chegando a perder informação em alguns casos.
O modo retrato é bem limitado, com alguns erros aparecendo nos dois, mas em menor intensidade no Mi 8 Lite, que eu gostei mais.
Em questão de software de câmera, ambos são fáceis de mexer e cheios de funções que você usa uma ou duas vezes antes de perder a graça, questão de costume.
Bateria e software
O terceiro fator que pode pender a escolha para um lado ou para o outro é como cada um deles chega no final do dia. Ou se chega. Nesse ponto é a Motorola que traz algo mais inovador, oferecendo uma das recargas mais rápidas até o momento.
O Moto G7 Plus vai de zero a cem em sua bateria de 3000 mAh em 50 minutos com o carregador de 27 watts, contra 1 hora e meia no caso do Mi 8 Lite, que tem 3350 mAh e carregador de 18 watts. Em nossos testes, o G7 Plus também levou vantagem na média de consumo, conseguindo ficar umas 2 ou 3 horas a mais longe da tomada, dependendo do seu tipo uso.
Para finalizar, tenho uma uma reclamação para os dois lados: o ritmo de atualização das duas empresas costuma deixar a desejar. Dessa vez o aparelho da Motorola já vem na última versão do Android, além de ter uma interface com uma cara mais familiar para nós brasileiros. A MIUI colocou funções do Android Pie em sua décima versão, mas ainda usa o Android 8, e claro, é uma experiência bem diferente.
Conclusão
O resumo então da nossa discussão de importado versus nacional é que no geral o Mi 8 Lite é mais vantajoso quando pensamos em desempenho e em certos pontos das câmeras, desde que o pós processamento oriental não te incomode.
O G7 Plus oferece uma bateria que carrega extremamente rápido e alguns detalhes como áudio melhor, acessórios e claro, a possibilidade de pegá-lo com planos de operadora, achar assistência e ter tudo localizado pra cá.
Pelo preço que ele foi lançado ainda é difícil recomendar, mas daqui uns meses, os dois modelos terão valores parecidos se já contabilizarmos custos de importação. Então é questão de prioridade e escolhas.
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