O Nokia 2.3 pode ter um nome pouco usual, mas é o mais novo aparelho de entrada dessa antiga titã do mercado de celulares. Ele chega no Brasil em parceria com a Multilaser, mirando o mercado de entrada com preço inicial de R$899. Por conta da crise atual ele chegou um pouco mais caro, mas tudo indica que daqui um tempo ele pode reduzir de preço e competir nesse mercado tão procurado pelos brasileiros. E nesse review nós vamos ver se o Nokia 2.3 vale a pena.
Nokia 2.3
- Processador Mediatek Helio A22
- 32GB com 2GB de RAM
- Tela: LCD IPS de 6,2″ (720 x 1520px)
- Câmera principal: 13MP (f/2.2)
- Câmera selfie: 5MP (f/2.4)
- Bateria: 4000 mAh
- Android 10.0
Construção e tela
O Nokia 2.3, na verdade, não tem muito a ver com a atual Nokia, que ainda atua em outros mercados pelo mundo. Quem tem os direitos do nome atualmente é a HMD, uma empresa com uma equipe bem menor e composta por pessoas ligadas ao passado da empresa, num projeto que existe quase que para honrar o antigo legado de seu nome.
Por isso eu vou reforçar um ponto de que o Nokia 2.3 tem um cuidado a mais na sua produção, um certo carinho que às vezes falta em outros aparelhos, principalmente nessa faixa de preço, onde parece que só saem aparelhos para cumprir tabela.
Falo isso principalmente por conta do acabamento, que apesar de ser de plástico, é muito bem feito, e realmente não deixa espaço para críticas. Tudo bem que o material não é o melhor possível, só que a HMD diz que por dentro você tem uma armação de metal, que dá muito mais robustez ao aparelho, e você realmente sente que tem a impressão de que tem algo bem feito na mão quando segura o Nokia 2.3.
No entanto, por ser um aparelho da linha de entrada, não tem muito como fugir das economias para tornar seu preço viável. O primeiro ponto que mais mostra isso, é a entrada USB do tipo 2.0, algo que eu realmente não esperava mais ver em pleno 2020. Suas principais desvantagens estão no aumento do tempo de recarga e na velocidade de transferência de arquivo bem reduzida quando conectado a um computador, por exemplo.
Outra escolha no design que eu não sou muito fã é a falta de um leitor de digitais. O Nokia 2.3 não tem nem o leitor por debaixo da tela, nem o físico na traseira, limitando ao desbloqueio facial ou por senha. Esse primeiro método até adiciona uma certa praticidade, mas além dele não ser tão seguro assim, ele é um tanto lento, assim como todo aparelho de entrada, então acaba fazendo falta um leitor de digitais, seja ele qual for.
No geral, essas características são bem normais para os aparelhos das linhas mais baratas. O Galaxy A10 e o LG K40S, por exemplo, partilham de um ou de ambos os problemas, só que isso não necessariamente são grandes falhas, apenas incômodos para quem já está acostumado com aparelhos mais modernos, que podem ser “ignorados” de certa forma, se você precisa economizar.
Outra característica presente aqui, e bastante comum em aparelhos mais baratos, é a tela LCD de resolução HD+. Até que achei ela boa para o preço, diferente de painéis mais antigos. As letras são bem nítidas e as cores não estão nem um pouco lavadas, porém ela ainda tem algumas limitações.
Uma desse é o brilho relativamente fraco, que não chega ao ponto praticamente inutilizável do primeiro Motorola One, mas você pode ter certa dificuldade de usar o seu celular passeando no parque, por exemplo, se o dia estiver ensolarado.
Querendo ou não, a resolução baixa diminui bastante a qualidade dos vídeos no YouTube e Netflix. Como alguém que usa diariamente um celular que também tem a resolução HD, não há muito o que reclamar do seu uso em redes sociais, só que se você assiste muitos vídeos pela tela do celular, pode ser uma boa investir em algo melhor.
Para fechar toda essa parte externa, o Nokia 2.3 tem aquele botão auxiliar para o Assistente da Google, que pode ser útil se você esta imerso nessa tecnologia. Tem também apenas uma saída de som externa, que é bem fraca, mas ele traz um fone de ouvido razoável e tem a entrada P2.
Esse aparelho tem limitações parecidas aos outros aparelhos de entrada, mas com uma construção um pouco mais fechadinha, mais robusta, e até mais bonita, que lhe rende alguns pontos na minha opinião.
Configuração e desempenho
Agora, onde ele acaba ficando para trás é no hardware. O Nokia 2.3 utiliza o Helio A22, equivalente mais ou menos ao Snapdragon 429, ou seja, pior que o Helio do LG K40S, que o Exynos do Galaxy A10 e que o Snapdragon do Moto G8 Play.
Infelizmente isso pode ser uma questão bastante problemática, pois aparelhos dessa faixa de preço normalmente já não tem muito desempenho, e diminuí-lo ainda mais, limita a vida útil do Nokia 2.3.
A galera do Free Fire não precisa se preocupar, pois ele é sim suficiente para jogá-lo tranquilamente, e também dá para curtir uma jogatina de COD Mobile e o Arena of Valor, mas eles precisaram ficar na configuração mais baixa possível, e vão demorar para carregar.
Outra questão é que o aparelho não tem muita memória sobrando. São apenas 2GB de RAM, então nem será possível manter muitas coisas abertas na memória, e sobraram apenas 19GB de armazenamento depois da instalação, quantidade bem pequena e que eu consegui acabar rápido enquanto testava o celular.
O que pode salvar o Nokia 2.3 no curto prazo é a opção pelo Android GO, a interface mais enxuta distribuída pela própria Google, que combina bastante com esse desempenho mais fraco.
Por ser uma interface meio que “direto da fonte”, estão garantidas também pelo menos duas atualizações de sistema e 3 anos de atualizações de segurança, o que é algo muito bom nessa categoria por muitas vezes esquecida.
No entanto, usar o Android GO não significa que o Nokia 2.3 roda super lisinho. Enquanto eu mexia, aconteceram alguns engasgos e aplicativos fechando depois que a memória ficava cheia, mas assim como na construção, muito disso é meio que esperado para um aparelho de entrada. O que temos aqui pode ser o suficiente se você não joga nada muito pesado, ou se passa todo o seu tempo no WhatsApp e no Twitter.
Bateria
Quem acompanha bastante as análises de celular já deve saber a principal consequência de tudo isso. Se o celular tem um desempenho baixo, junto de uma tela mais simples e sem um mega brilho, muito provavelmente ele também terá uma bateria que dura por mais tempo que a média.
A lógica aqui é bastante simples, uma tela HD é mais econômica que uma Quad HD, e um chip mais fraco, apesar de menos otimizado, muitas vezes consome menos energia. Por conta disso você praticamente nem sente o celular esquentar enquanto joga, mesmo ligado na bateria, e no geral, as médias de consumo para as atividades mais “gastonas” ficaram abaixo do que costumamos ver em outros aparelhos que também possuem 4000mAh de bateria.
O problema foi apenas no tempo de recarga. Como eu comentei lá no inicio do review, o Nokia 2.3 utiliza USB 2.0, e tem um carregador pequeno, de apenas 5W, que juntos demoraram 4 horas para dar uma carga completa no celular.
Esse é um tempo bem longo, que desafia até os piores tempos da Apple, então é necessário seguir aquele costume de deixá-lo carregando antes de ir para cama, para você acordar com 100%, apesar de que você consegue empurrar uma carga por um dia e meio, ou até mesmo dois se não mexer muito no celular.
Câmera
O Nokia 2.3 tem uma câmera frontal que tira fotos de 5MP, e uma traseira que chega a 13MP, junto de mais uma auxiliar para o desfoque e o flash.
O chip mais fraco também mostra suas limitações por aqui. Onde a parte que mais pode te incomodar é o aplicativo da câmera não tão fluido, que talvez até seja de propósito, para economizar processamento para as aplicações de inteligência artificial, algo bastante divulgado tanto pela Nokia quanto pela MediaTek (fabricante do chip), e que até dá uma ajeitada boa na foto, tanto na traseira quanto na frontal.
Apesar disso, ela ainda não consegue se destacar. Nas selfies, o contraste deixa a desejar, e falta aquela riqueza de detalhes, o que pode deixar seu rosto com um efeito meio plástico se a luz não ajudar. E lembre de tomar cuidado para não estourar os brancos da cena.
Para as fotos noturnas, não tem muito para onde fugir. Por conta da falta de um modo noite específico, o melhor é evitar fotos nessa situação, ou calcular bastante antes de tirá-la.
Para a traseira, a história melhora mas por pouco. Por conta da câmera auxiliar, o desfoque fica bem legal, e alguns problemas de contraste e de HDR da selfie, são parcialmente resolvidos por aqui.
No final é aquela velha história de que você depende de um ambiente bem iluminado para tirar fotos realmente boas, mas é um bom quebra galho para um aparelho de entrada.
Faltam ainda outras câmeras, como uma ultrawide ou uma zoom, que alguns de seus concorrentes trazem, e que dá uma variedade legal para eles. Só que a qualidade dessas lentes secundárias geralmente não acompanha a câmera principal, então você nem sente tanta falta assim delas no Nokia 2.3.
Ainda assim, ele acaba ficando para trás, o que significa que esse aparelho pode ser melhor para quem não prioriza fotografia em um celular.
Conclusão
O Nokia 2.3 tem seu ponto mais forte na construção, e de certa forma, na bateria, que ficou à frente do A10s e do K40S, os dois que eu considero serem seus principais concorrentes.
No entanto, ele fica consideravelmente para trás em desempenho, o que pode ser um problema para galera que gosta de jogar no celular. Pode ser que com mais algumas atualizações, e um tempo acumulando aplicativos, ele ficará muito lento para você, te levando a querer trocar de celular mais cedo que em outras opções.
Conhecendo esse ponto fraco, o Nokia 2.3 precisa baixar um pouco de preço ainda, e encontra no “light user” o seu público ideal. A marca tem um nome bastante querido aqui no Brasil e, para um aparelho de entrada, ele tem potencial para capturar quem só quer algo simples e de uma marca confiável.
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