O Motorola One trouxe para o mercado de intermediários as atualizações frequentes do Android, coisa que até então a gente só tem em aparelhos muito caros ou nos iPhones. A ideia é que você possa aproveitar novidades e evoluções de software até dois anos depois de adquirir seu aparelho.
Outro ponto interessante são as atualizações constantes de segurança, que fabricantes abrem mão nessa faixa de preço. O problema é que isso não vem de graça e eles tiveram que reduzir o desempenho do equipamento. Será que vale a pena?
O Motorola One é claramente um desvio de estratégia da empresa – para o bem ou para o mal. Ele é uma nova linha de aparelhos que vai ser construída, até porque os segmentos Moto C, G e Z que são os principais carro-chefe dela aqui no Brasil, seguem uma padrão muito claro de design, materiais, além da evolução crescente de desempenho, câmera e funcionalidades. É difícil você ver um modelo mais barato retrocedendo em algum quesito que não a bateria.
O One meio que quebra esse racional linear de que um modelo sempre está acima do outro, tanto em preço quanto nas especificações. É meio que uma ramificação que vai melhor em alguns quesitos e pior em outras. Aliás, não é só isso não. Ele é todo “diferentão”.
Design
O design todo em vidro e sem o olho de “minion” é provavelmente o que mais chama atenção. O One parece ter vindo direto do iPhone 4 ou de similares mais atuais como o Zenfone 5 e mesmo o Mi 8 SE. Falo isso de uma forma boa, porque ele não só tem um tamanho que condiz com o que eu espero de um celular, como é bastante bonito e pouco escorregadio.
A cor branca que faz par com a preta é extremamente bonita e dá um toque diferente para o aparelho. Não tem do que reclamar do acabamento, é bem completo. O problema para mim é que a Motorola ficou totalmente descaracterizada nesse modelo, que me parece muito mais vindo da Lenovo. O notch e a câmera dupla em pé estão aí como exemplo de características que fogem totalmente do que foi feito até agora.
Aliás, existem outros pontos menores que são características da Motorola que estão de fora: ao invés do alto falante logo acima da tela indo direto para o usuário, como encontramos na maioria dos casos, temos por aqui um alto falante mono na parte de baixo.
A qualidade dele é mediana, condizente com o seu preço, mas é facilmente tampável ao se jogar ou assistir um vídeo na horizontal. Esse é um problema de vários smartphones e que havia sido resolvido pela Motorola.
O leitor frontal de linguicinha, um dos últimos remanescentes foi também pra traseira, mas o nome Motorola ainda se faz presente.
Tela
Outro problema por assim dizer é a qualidade da tela implementada por aqui. Primeiro que ela tem uma resolução apenas HD Plus, ou seja, 1520 x 720px. Isso não é exatamente ruim porque as cores e o contraste da tela são bons, mas o brilho da tela é baixo. Quando eu falo baixo é que realmente não dá para usar muito na rua não.
Para você ter uma noção, seu brilho médio fica abaixo do Moto G6 Play que é um aparelho bem mais barato. Ele ficou mais parelho nesse quesito com o Galaxy J7 Prime 2, que tem resolução Full HD e painel Super Amoled.
De novo, o modelo da Samsung é mais barato. Como sempre digo, essa questão da resolução não influencia tanto no dia-a-dia, então eu realmente gostei da experiência com o aparelho. Onde você realmente percebe é na hora de assistir vídeos e consumir mídia. O Moto G6 Plus da própria Motorola destrói ele nesse quesito, com muito mais brilho.
Desempenho
No caso do desempenho ficamos novamente entre a cruz e a espada. 4GB de RAM com 64GB de armazenamento é o padrão para faixa de preço, e sim, eles tem uma boa velocidade segundo nossos testes. Mas a Motorola teve a pachorra de colocar o Snapdragon 625 e cobrar R$1500,00 por ele, coisa que se cobrava a dois anos atrás.
Você encontra o G5S Plus por R$900 no mercado com o mesmo chipset e câmeras melhores, mas isso é papo mais para frente. Até porque a Google promete com Android One uma priorização de atividades em segundo plano, para que os aplicativos mais importantes consumam menos e ainda tenham um desempenho melhor.
No geral ele realmente vai bem, mas nada de espetacular. Arena Of Valor rodou com gráficos reduzidos em 30 frames por segundo sem problema algum e sem quedas. Ele também vai melhor no gerenciamento de RAM do que a linha G6, o que o torna mais parelho com o Moto G6 normal.
As atualizações mensais de segurança e o funcionamento do Google Play Protect são outro diferencial prometido pela empresa.
Em questão de bateria, não dá para falar nem mal nem bem do Motorola One. Existem vários equipamentos meio que similares a ele com baterias de 4.000 a 5.000 mAh, enquanto ele tem 3.000 mAh. É comum, e não chega a ser uma qualidade.
Isso quer dizer que uma hora de YouTube em brilho médio gasta 12% de bateria. Eu consegui mais de 7 horas de uso de tela para o meu padrão de uso médio. O legal é que ele vem com o Fast Charger da Motorola que o carrega completamente em menos de 1 hora e meia. O G6 Play já vinha com isso que é basicamente um tapa na cara da Apple.
Câmera traseira e frontal
Chegou a hora de falar de outra característica meio complicada, a câmera. A traseira conta com duas lentes, uma de 13 megapixels e outra de 2 megapixels para fazer o modo retrato e mais algumas funções. No geral a câmera vai bem em boa luz, mas em baixa luz e o próprio modo retrato sofrem um pouco.
Apesar de ser um Android puro,a interface de câmera foi totalmente adaptada pela Motorola. Para quem já conhece é fácil começar a usar e temos diversas funcionalidades da empresa. Um ponto que eu acho engraçado é quando chamam de “câmera avançada” o sistema dele. Não que seja ruim, mas novamente, não é uma câmera a altura do preço em que foi lançado.
O Moto G6 Plus entrega muito mais em todas as funções, e apesar de já ter caído de preço em seu lançamento não estava tão mais caro assim.
A câmera frontal de 8 megapixels tem uma qualidade até que legal em boa luminosidade. Não é que as câmeras do Motorola One sejam ruins, longe disso, é só que ele fica muito perto do G6 ou do J7 Prime 2 que estão um nível abaixo em preço do que ele.
Conclusão
No resto, devo dizer que gostei bastante do aparelho. Leitor de digitais é confortável e funciona bem, e o GPS não teve problema algum. E claro, temos todos os sensores. Navegar pela interface bastante fluida, mas aplicativos podem demorar um pouco mais do que o esperado.
Como um intermediário, o Moto X4 do ano passado foi muito mais efetivo do que o One em prover custo benefício. Na minha opinião, o Motorola One é um bom celular, que poderá ficar lento em 1 ano, mas que é basicamente bom para o dia a dia.
Seu diferencial são as atualizações e o fato de ser bem bonito, mas sinceramente, começa a valer a pena quando seu preço ficar próximo de R$1000. É o mesmo lance do LG Q6 e de outros modelos que teimam em ser lançados acima do mercado para daqui 3 meses perder 30% do seu valor. Se está interessado em um Motorola, hoje vale mais a pena pegar um Moto G6 Plus.
Pedro diz
Queria saber se é possível esse celular chegar a 700 reais