O Galaxy S10 Lite foi um aparelho que não deu uma boa impressão assim que eu o conheci. Chegou muito caro, cortando mais função do que adicionando, e, no geral, meio perdido na segmentação da Samsung. O fato dele competir diretamente com o meu querido S10e pode ter me influenciado um pouco, mas durante esse review, devo dizer que passei a gostar um pouco mais dele. Será que o S10 Lite vale a pena então?
Samsung Galaxy S10 Lite
- Processador Snapdragon 855
- 128GB com 6GB de RAM
- Tela: OLED de 6,7″ (1080 x 2400px)
- Câmera principal: 48MP (f/2.0) + 12MP (f/2.2) + 5MP (f/2.4)
- Câmera selfie: 32MP (f/2.2)
- Bateria: 4500 mAh
- Android 10.0
Para começar, o Galaxy S10 lite tem bastante cara de test drive. Um aparelho para testar as águas, antes da Samsung mergulhar mesmo numa estratégia um pouco mais agressiva, tanto em preço, quanto em desenvolvimento.
Pensando no preço, ele chegou num valor um pouco mais baixo que o praticado pelo S10e no seu lançamento, só que a diferença de praticamente um ano nas datas de chegada desses aparelhos fez com que o topo de linha pequeno ainda estivesse mais barato.
Só que agora essa situação mudou, e você encontra o S10 lite num preço bem mais próximo, algo que até impressiona, considerando o aumento expressivo do dólar.
Aqui que entra a estratégia nova, que na verdade nem é tão nova assim. Ano passado, a Samsung teve que reinventar a linha A, para segurar a onda dos importados chineses, e para isso cortaram varias características e alguns luxos, por assim dizer, deixando só o essencial.
Olhando para o resultado, vemos como isso deu certo, já que alguns relatos colocam o Galaxy A10 e o A50 como os Androids mais vendidos do ano, posição que costumava ser da linha S, mas que andava sendo ameaçada pela Huawei.
Design e tela
O primeiro dos cortes já foi logo na construção, cortando a certificação IP68 e substituindo o vidro pelo “glástico”, presente em praticamente toda a linha A. Esse é basicamente um plástico reflexivo, que tenta combinar o brilho do vidro, que dá aquele ar de celular mais caro, com um material mais barato de se produzir.
No geral, esse não é um corte absurdo, mas o plástico requer alguns cuidados diferentes do vidro. Primeiro que se ele cair do jeito certo, vai estilhaçar da mesma forma, mas além disso, o plástico é mais susceptível a riscos. Basicamente, você precisa colocá-lo numa capinha, dá mesma forma que você precisaria se ele fosse de vidro, então até por isso, não vejo isso como um grande ponto negativo.
Outros detalhes do corpo são a falta de uma entrada para fone de ouvido, acompanhada, infelizmente, de um alto falante mono bem fraco, e é quase inaceitável um aparelho da linha S ter um falante desse tão ruim. Ele vem com fone de ouvido também, já com a conexão USB-C, mas uma qualidade pior ao restante da linha S10.
A liberação da tela agora é feita com digitais direto na tela, com o leitor óptico mesmo, não o ultrassônico, mas esse tipo já amadureceu ao ponto da velocidade e precisão estarem bem aceitáveis.
Na qualidade da tela também houveram algumas economias. O painel aqui é o Super AMOLED, não o Dynamic AMOLED, utilizado na primeira iteração da linha S10, o que significa que o Lite fica uma geração atrás nesse quesito, e mais uma vez, próximo da linha A.
O painel novo apresenta um contraste um pouco melhor e redução na emissão de luz azul, que além de benefícios para a visão, também torna os presets de cor menos saturados que a geração anterior. Mas se é para ser bem sincero, mesmo a gente que tem os dois celulares na mão, precisamos colocá-los um ao lado do outro para perceber as melhorias, que mesmo assim são quase imperceptíveis.
Além disso, a resolução 2K, bastante comum nos aparelhos da linha S, não é suportada por aqui. Vimos algo parecido no S10e, que também só chega ao Full HD, mas como o display aqui é enorme, com 6,7 polegadas, um dos maiores aparelhos da Samsung, você consegue perceber uma certa falta de nitidez em linhas diagonais. Não dá para ver os pixels individuais, mas os tracejados das fontes não são tão suaves.
Por outro lado, eu costumo deixar a resolução mais baixa, mesmo quando o celular chega no 1440p, justamente para economizar um pouco de energia, então, se você for como eu, provavelmente essa limitação não será um ponto negativo.
Bateria e desempenho
Algo que melhorou bastante nessa geração foi o tamanho da bateria, que atingia 4100mAh no S10 Plus e por aqui chega a 4500mAh. Essa é provavelmente a característica que mais faz sentido, e reflete como os valores que são “aceitáveis” para um aparelho topo de linha podem mudar em pouco tempo.
Claro que os aparelhos premium da Samsung nunca foram conhecidos por ter uma boa bateria, seja porque o consumo é alto, a quantidade de carga é baixa ou por motivos mais explosivos, e até hoje essa questão não está tão bem acertada, mas o S10 Lite anda num caminho diferente, que coloca a autonomia de energia do aparelho em primeiro plano.
Na hora de encher a bateria, o carregador de 45W dá conta de carregar 50% em 24 minutos, uma marca excelente para você ter bastante carga para o restante do dia. No entanto, o S10 lite só faz o básico, nada de carregamento sem fio e muito menos carregamento reverso, que são duas funcionalidades presentes no S10e.
O S10 Lite é comercializado por aqui apenas em uma versão de 128GB de armazenamento e 6GB de RAM, valores dentro do padrão para os aparelhos hoje em dia e igual ao s10e.
Mas tivemos, “sem querer”, um upgrade de hardware aqui na versão brasileira, quando o comparamos com os aparelhos S10 de 2019. Isso porque, a versão brasileira vinha com o Exynos 9820, enquanto que o S10 Lite vem com o Snapdragon 855.
Esse Exynos até que estava bom para época, pelo menos quando olhamos para a performance ruim do chip utilizado no S20, perto do que o melhor Snapdragon de hoje consegue lá fora, mas ainda assim, o 855 ganha em desempenho e em tempo de bateria, gerando uma discrepância ainda maior entre o Lite e o S10. Pois é, o aparelho mais econômico é mais potente que os que estão acima dele na linha.
Mesmo esse sendo um chip mais antigo, não vi nenhum aplicativo que teve alguma dificuldade de rodar por aqui. Em games você consegue ir para a qualidade máxima em quase todos, e suporta também os jogos mais chatos, como o Fortnite.
Você roda os mesmos aplicativos, mas os abre mais rapidamente, e eles consomem menos energia. No geral, vejo isso como uma grande vantagem para o aparelho mais novo.
O S10 Lite vem com o Android 10 e já pode ser atualizado para a One UI 2.1. Não existem muitos recursos ausentes e a Samsung conseguiu otimizar bastante a sua interface nessas últimas versões. Os atalhos edge agora estão presentes em grande parte da linha Galaxy, e ele já tem o sincronizar com o Windows, que é uma funcionalidade que promete ser bem útil depois que amadurecer mais um pouco.
Câmera
Em fotografia também recebemos um pequeno upgrade por conta dessa diferença de chips, só que antes deixa eu comentar sobre as lentes. O S10 Lite traz um conjunto triplo na traseira, onde a principal tem 48MP, a ultrawide tem 12MP e a terceira é uma macro de 5MP, além da câmera frontal de 32MP.
O Lite entrou na onda de câmeras com muitos megapixels, mas isso não significa necessariamente que as fotos estão melhores que o S10, que ainda estava no esquema de 12MP para a lente principal.
No geral, o conjunto mais antigo leva a melhor, principalmente em fotos naqueles ambientes mais difíceis, como fotos noturnas e com a câmera ultrawide, mas o Lite tem uma câmera a mais, que pode dar uma vantagem de variedade, caso a diferença na qualidade não te incomode.
Fora isso, o S10 Lite tem aquela mesma super saturação da Samsung, que tem ficado um pouco mais discreta, mas ainda está longe de uma foto realista, principalmente com o HDR ligado. Função essa que faz um bom trabalho, e vai gerar uma foto com o branco estourado se ela estiver ligada.
Na câmera ultrawide, você tem uma distorção um pouco maior do que eu esperava nos cantos da tela, por conta do efeito da lente mesmo, que não foi corrigida por software, mas também não chega a distorcer ao ponto de prejudicar o resultado final. Você só terá dificuldade para usar de noite, o que não é nenhuma novidade para esse tipo de lente.
Para esses momentos, você pode tentar utilizar o modo noturno, que está disponível para as duas lentes. Ele não faz milagre, a foto fica com um chiado razoável, mas já ajuda a iluminar bem as cenas. Só vale comentar que esse é o modo noturno antigo, não é possível controlar o tempo de exposição igual alguns aparelhos mais novos, então é capaz de no futuro, com uma atualização, ele ficar um pouco melhor.
Para o desfoque, faltou aqui uma câmera auxiliar própria, mas ainda assim você consegue usar o efeito em qualquer objeto, já que ele passa a utilizar a ultrawide como auxiliar. Foi uma ideia legal, e no geral funciona, mas eu senti que ele costuma errar o recorte em alguns pontos mais chatos com mais frequência que um aparelho que tenha a lente de profundidade comum.
Você pode também gravar com desfoque. Como ele tem um chip mais potente, o vídeo fica melhor do que alguns intermediários que também tentam fazer essa função, porém ainda é um modo que tem espaço para melhorar.
Em ambos os modos você perde um pouco da capacidade das funções inteligentes, como o HDR, então será necessário tomar um pouco mais de cuidado com luzes fortes ou ambientes com baixa luz.
Em gravações normais, o S10 Lite tem suporte ao 4K a 60fps, e acesso a super estabilização. Como um resumo geral, tanto para as gravações, quanto para as fotos, a qualidade das câmeras do S10 Lite fica num nível acima do intermediário, e um pouco abaixo do que encontramos nos melhores.
Conclusão
O Samsung Galaxy S10 Lite pode chegar por um preço bem interessante e ser uma opção, até melhor que o próprio S10, dependendo das suas prioridades. Ele tem uma bateria melhor, mais desempenho, cortes na construção que praticamente não afetam quem usa uma capinha, e até em fotografia ele fica próximo o suficiente do seu irmão mais velho.
Ainda assim, ele é posicionado mais como um aparelho da linha A bombado, do que um econômico da linha S. Se essa descaracterização será um problema para a Samsung, ou o sucesso que ela tanto precisava, ainda não sabemos, mas dê uma olhada no S10 Lite se você é alguém que costuma buscar o melhor custo beneficio nos aparelhos do ano passado.
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