O Blu Vivo XI+ é um aparelho bonito, claramente de 2018 e que marca não só uma mudança de estratégia como o ingresso da empresa no Brasil de forma oficial, através de uma parceria comercial com a Notetec – que vai prestar serviços de suporte.
Com 1600 reais é possível pegar um equipamento com 128GB de armazenamento, 6GB de RAM, carregamento sem fio, uma tela grande e bonita, além de mais algumas coisinhas que chamam a atenção. Mas se você é da trupe do EscolhaSegura, manja que não existe almoço grátis, então algumas reduções de custos tiveram que ser feitas.
Design
Por fora, o Blu Vivo XI+ não economizou. O acabamento em vidro que possibilita o carregamento sem fio é bem consistente e dá uma pegada boa para o aparelho. Ele claramente não tem IP68 nem comenta sobre isso na página do produto, então é bom tomar cuidado.
Na caixa temos não uma, mas duas capinhas de TPU – uma transparente e outra com uma estampa – que ficaram bem legais e chamaram a atenção de amigos enquanto eu testava ele. Tem também uma película para ser aplicada, um adaptador de p2 para USB-C, já que infelizmente fizeram o favor de tirar, e o carregador.
A Blu ficou bastante conhecida por trazer mais acessórios do que o normal para suas caixas e aqui não foi diferente. Ela ficou conhecida também pelo preço baixo, uso de white labels e falta de atualização de software.
Para quem não sabe o que é isso, é como se você já pegasse um produto pronto de uma fábrica que manja como fazer as coisas, tacasse seu nome e pronto – o produto é seu. Isso diminui os custos de desenvolvimento, mas limita suas opções e tira seu diferencial competitivo. Para confirmar isso é só observar o Allview Soul X5 Pro, equipamento lançado na Europa com configurações exatamente iguais e com basicamente nenhuma diferenciação de software.
Onde o fato de ser white label influencia? Apesar de homologado na Anatel, o XI+ não tem implementados os sistemas de segurança pedidos pelo Google, o que faz com que o Netflix apesar de disponível rode apenas em 480p. O OnePlus 5T passou por isso e fez um update. Então isso é realmente algo que diminui um pouco o valor do aparelho.
Desempenho
O que eles conseguiram, quando comparado com o modelo da Allview, foi fazer um upgrade de armazenamento e memória RAM, coisa que nós brasileiros olhamos bastante na hora de comprar um celular. O modelo mais caro que temos em mãos conta com 6GB de RAM e 128GB de armazenamento, e claro, pra cobrar 1600 reais por isso você reduz um pouco as velocidades delas.
Então temos uma média de 200 mega de leitura para o armazenamento e pouco mais de 6 giga por segundo para a memória RAM. O Zenfone 5Z alcançou 14, o Xiaomi Mi 8 se pouco mais de 12 giga e por aí vai. Essas não são velocidades ruins, até porque meu Galaxy S8 fica pra trás nesse quesito. Algumas quedas de frames em jogos como Asphalt 9, que ainda é bem jogável, estão relacionadas com o uso do Mediatek Helio P60. Ele deveria ser bastante parecido com um Snapdragon 660, e no geral ele é quando mexemos apenas nos aplicativos do dia a dia e transitamos entre várias tarefas, mas na hora do jogo, não tem jeito, a Mediatek não conseguiu melhorar suas GPUs.
Fiz mais alguns testes e PUBG roda bem no médio. Arena of valor foi bem também no médio e Breackneck não teve engasgo nenhum. Esse é um processador bom para o preço, não tem o que falar, é só que ele fica atrás do seu concorrente direto nos jogos. Se você não é hardcore está de bom tamanho.
Bateria e tela
O que incomoda mesmo é o quanto de bateria esse processador suga, porque com 3000mAh, eu consegui umas 5 horas e meia até 6 horas de tela em uso normal. Jogos chegaram a gastar 23 por cento por hora e o Netflix na boinha gastou 13.
Como falta carregamento rápido você consegue reaver tudo em pouco mais de 2 horas, uma marca facilmente superada por celulares de mesmo preço. Um pouco desse gasto acima da média está relacionados também com a tela do equipamento que é bem brilhante. Não é clara igual à de um Moto G6 Plus, mas chega perto com 460 nits, e apesar do brilho mínimo não descer tanto, no máximo te permite usá-lo com facilidade fora de casa sem problema algum.
As cores são um pouco saturadas do jeito que a gente gosta, a resolução já é Full HD e achei que tem um pouco de nitidez demais. Os ícones ficam encostados demais da borda como no Zenfone 5, coisa que já reclamei e muito disso vem pelo fato do notch ser grande.
Pelo menos por aqui temos um porque a empresa promete um scanner 3D que provavelmente é mais seguro que o reconhecimento facial normal. Ele é extremamente rápido, funcionou mesmo em situações de média luz e desbloqueia sem você nem apertar o botão. Isso é bom e ruim, já que quantas vezes não peguei o celular com a tela acesa e em cima da mesa gastando bateria? É muito fácil de você acabar não chegando no final do dia por causa disso.
Câmera traseira e frontal
Agora vamos para câmeras! A traseira conta com 16 megapixels e abertura f/2.0 que conseguiram fotos bem condizentes para o seu preço. Ele fica um pouquinho pra trás de um Moto G6 Plus mas conseguiu ir melhor do que eu esperava se considerarmos as outras especificações.
O que me incomodou foi que apesar dele aplicar um bom HDR, não podemos escolher desligar a função. O modo retrato por outro lado tem essa opção e funcionou de forma bem consistente para o segmento do aparelho. Fotos em baixa luz perderam bastante definição, mas em boa você não vai se decepcionar.
O chato é que ele só grava em Full HD na traseira, com uma estabilização eletrônica até que boa e com um microfone horrível – que se aplica também às ligações. É fácil ouvir, mas difícil que te ouçam bem.
A câmera frontal de 16 megapixels por outro lado me impressionou. Temos uma boa definição, um pequeno crop para que o vídeo seja melhor estabilizado apenas em HD, e claro, um modo retrato que até que detectou minhas orelhas. De novo, uma câmera legal principalmente se você estiver pegando o equipamento com menores specs, perto dos 1300 reais.
Muita gente me perguntou se ele ou o Zenfone 5 é melhor, e sinceramente, o Zenfone 5 ganha na maioria dos quesitos quando falamos de consistências e componentes, apesar de em alguns momentos ter menos specs. Em câmeras aliás, Zenfone vai melhor também, então vale investir um pouquinho mais.
Conclusão
O que aprendemos com toda essa análise? Você consegue um celular bom com alguns pontos chatos por esse preço, não tem como. Quer mais armazenamento, RAM e um processador melhor? Vai ter de pegar um microfone ruim, uma bateria que provavelmente precisará ser recarregada depois do meio do dia, um software não otimizado pro brasileiro e que pode ser atualizado.
Falta a entrada P2 e se você tem foco em fotos, esse celular vai te servir bem, não se preocupe, mas pra vídeos vai ser difícil. É questão de arriscar em alguns pontos para conseguir um desempenho melhor. Celulares de outras marcas mais conhecidas ficam pra trás em specs mas podem trazer uma experiência mais consistente no geral.
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